Apufsc participa de debate sobre conjuntura nacional e movimento docente

Com o objetivo de refletir sobre o movimento docente, sua importância e estratégia de ação diante do cenário de crise política e econômica, representantes de diversos sindicatos regionais de professores participaram, no dia três de março, em Salvador, do debate “Conjuntura Nacional e Movimento Docente”, promovido pelo Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (Apub). Como palestrantes convidados, estiveram Tatiana Roque, presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Adufrj), seção sindical do Andes-SNd+ Leonardo Monteiro, presidente do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará  (Adufc), sem filiação nacionald+ e Lúcio Vieira, vice-presidente da Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior de Porto Alegre (ADUFRGS-Sindical) filiado ao Proifes-Federação.  Na plateia haviam representantes de diversos sindicatos, entre eles Rose Elaine Waltrick e Bernardo Borges, da Diretoria da Apufsc-Sindical.

A mesa foi coordenada pela vice-presidente da Apub, Livia Angeli, que ressaltou que 2015 foi um ano bastante tumultuado, com uma campanha salarial complicada e resultados frustrantes para a classe trabalhadora e em especial para o movimento docente. Destacou também que o desafio do encontro era o de estabelecer um diálogo entre entidades que apresentam formas de organização diferentes, num debate envolvendo dirigentes sindicais. Cada palestrante expos os aspectos centrais que configuram o sindicato que representam, relatando sua trajetória, momento atual e desafios presentes diante da conjuntura nacional, sendo temas recorrentes a greve, a organização sindical e o papel do sindicato.  

 

Após a exposição dos palestrantes, foi aberto espaço para os questionamentos do público. O problema decorrente da forma como as greves têm sido deflagradas e conduzidas foi praticamente unânime entre o público, embora ninguém tenha descartado a sua utilização como forma de luta em situações de impasse. A divisão do movimento docente entre Andes-SN e Proifes-Federação e qual seria a melhor forma de organização sindical permeou todo o debate. Para além dos que defendiam a existência de apenas um sindicato nacional e os que acreditavam que sindicatos locais organizados numa federação seria a melhor opção para o movimento, surgiram ainda proposições de que os sindicatos sem representação nacional se organizassem entre si e reivindicassem espaços nas negociações com o governo. Quanto ao papel do sindicato em relação a seus filiados e à sociedade, o debate foi entre o foco nas questões corporativas ou a participação das entidades em enfrentamentos mais amplos, considerando-se a impossibilidade de  tratar do específico sem considerar a conjuntura e sem levar em consideração o contexto político mais amplo das lutas. Uma preocupação recorrente entre os participantes foi o modo de garantir a mobilização e participação da base nas discussões e tomadas de decisão. Muitos questionaram o modelo de Assembleia empregado atualmente e sugeriram outras formas de aferir a opinião dos docentes, como a consulta eletrônica, ressaltando que o ingresso de uma nova geração de professores pressupõe novas práticas. Entretanto, houve quem alertasse que o problema da representatividade pode ser mais complexo do que a forma utilizada para a deliberação. Ficar discutindo só forma pode ser uma armadilha, ou seja, pode-se sair de uma assembleia esvaziada e ir para uma consulta esvaziada, trocando seis por meia dúzia.

No debate, permaneceu como recomendação pensar em três eixos para reconstruir o movimento: 1) Luta: quebrar o automatismo da greve como única forma de lutad+ 2) Organização: mudança nas práticas, a exemplo do modelo de Assembleiad+ 3) Democracia: manutenção de fóruns de discussão e instrumentos para criação de consenso.

Para os diretores da Apufsc participantes desse encontro, em acordo com a maioria dos participantes dos outros sindicatos, é preciso destensionar as relações sindicais, criando espaços de debate que expressem e superem as divergências possíveis, buscando consensos, pautas comuns de reivindicações,   para uma mobilização mais abrangente que, sobretudo recomponha e fortaleça o movimento docente. É preciso oxigenar o movimento docente e neste sentido o diálogo entre os diferentes sindicatos é necessário, permanecendo assim o desafio desta aproximação.