Reitor eleito aponta prioridades e desafios para administrar a UFSC

Apufsc-Sindical –  Quais serão seus principais eixos da administração da UFSC? Quais desafios a vencer e quais metas a serem cumpridas? Que setores mais necessitam de atenção na Universidade?

Ubaldo Balthazar- Tenho dito desde o final do ano passado que um dos maiores desafios é recuperar a autoestima da UFSC. Tentaram transferir uma crise de fora para dentro, imprimindo à nossa instituição males que não nos pertencem. Uma crise fabricada, ao que parece, para abalar nossa imagem como instituição de qualidade e reconhecida nacional e internacionalmente. Somos a quarta melhor IFEs do Brasil. Fruto de muito trabalho e dedicação que não podemos permitir que se ponha abaixo do modo como tudo ocorreu. De outra parte, além de consolidar a excelência, precisamos dar conta de ampliar ações no sentido da inovação, acolhimento e apoio à permanência de estudantes.

AS-  Como está a situação financeira da UFSC? Como administrar a Universidade com um orçamento cada vez mais restritivo? O que o senhor pretende fazer para garantir os recursos financeiros?

UB-  Por mais que alguns setores da sociedade tentem apontar uma crise de gestão na UFSC, fechamos 2016 e 2017 com 100% do orçamento de custeio executado. No que tange a investimentos também executamos a totalidade dos recursos liberados. Ou seja: além de nós poucas instituições conseguiram, com o orçamento congelado, dar conta de usar – e bem – os escassos recursos. Claro que o maior prejuízo é nas verbas de capital, reduzidas pelo contingenciamento. Mas conseguimos, também ao lado de poucas outras universidades, obter recursos extraorçamentários e autorização de ampliação de orçamento para garantir os investimentos mais essenciais. Vamos continuar crescendo, com criatividade, responsabilidade e transparência.

AS- O  que os professores podem esperar da gestão nas questões relativas à saúde, condições de trabalho e carreira da categoria?

UB- A gestão iniciada em 2016, pelo saudoso professor Cancellier e pela professora Alacoque, já se propunha a ser de uma universidade saudável. Vamos dar continuidade, estimulando os cuidados com a saúde dos docentes, técnicos e estudantes, promovendo ainda mais ações voltadas à cultura e ao lazer e buscando alternativas que nos permitam atuar em nossas atividades finalísticas, permitindo que nossas carreiras sigam com maior perspectiva de harmonia e tranquilidade.

AS- O que a UFSC está fazendo para aperfeiçoar o sistema de avaliação de professores?

UBOuvindo as sugestões que, por exemplo, a Apufsc formula e perseguindo a racionalização de processos internos. Tramitação rápida e fácil, sem excessos.

AS – Como está sendo pensada a atualização do Estatuto e do Regimento da Universidade, bem como das normas internas?

UB – Este é um tema recorrente. A cada vez que se identifica necessidade de ajustes, naquilo que é possível e ágil, buscamos encaminhar com celeridade. Quanto aos nossos documentos guias – Estatuto e Regimento – há atualizações constantes, às vezes pequenas, mas que nos permitem ajustar nossa estrutura e funcionamento. Isso ocorreu, especialmente, com nossos centros novos, em Araranguá, Blumenau, Curitibanos e Joinville, quando institucionalizamos aquelas unidades.

AS –  O senhor pretende dar continuidade ao processo administrativo para a devolução dos valores recebido da URP?

UB –  O assunto é bastante conhecido e tramita há muito tempo. Mais recentemente fomos instados a adotar medidas terminativas, ainda que nossa conduta seja buscar o esgotamento de todas as etapas. Ocorre que decisões judiciais são decisões impositivas. O que é preciso deixar claro é que entendemos a gravidade da situação e vamos buscar insistentemente o diálogo e a boa convivência, atendendo na medida de nossos limites institucionais naquilo que estiver ao nosso alcance.

AS –  Como pretender se relacionar com a Apufsc-Sindical?

UB –  Como uma relação assim deve ser: pautada no diálogo, na cordialidade, com empatia e cooperação.

AS –  Por determinação judicial, o Andes não pode representar os professores das Universidades Federais de Santa Catarina. Como o senhor pretende lidar com essa questão, já que a entidade vem, constantemente, descumprindo as decisões da justiça?

UB –  Nossa premissa é não emitir juízos em casos como este. A questão foi judicializada e não nos cabe avaliar se tal fato é correto ou não. No âmbito interno a relação é com membros da comunidade universitária. Há interlocutores com diferentes interesses e perspectivas. Não abdicamos do diálogo e da convivência. E respeitamos as decisões da justiça.

AS –  Como o senhor avalia a segurança nos campi e o que será feito para melhorar?

UB –  Outro tema do qual nos ocupamos bastante. O fato de ter sido criada, em 2016, uma Secretaria de Segurança Institucional é demonstração bastante para provar que o tema é prioridade. Vamos manter a secretaria e reforçar suas ações, sempre buscando parcerias intra e extra universidade, de modo a construir um ambiente saudável, seguro e harmônico. E nisso todos na UFSC devem colaborar.

AS –  Os campi do interior já funcionam a contento?

UB –  Sim, entendo que sim. Há ajustes sempre necessários e um deles é, sem dúvida, reconhecermos estas unidades como Centros de Ensino, tal qual o são os de Florianópolis. Academicamente estão avançando, como é o caso da oferta de Medicina em Araranguá. E administrativamente, graças ao empenho de gestores e comunidade, cada um busca qualificar-se como UFSC. Tivemos recentemente a inédita celebração de um contrato que permitiu a Joinville ganhar em termos de espaço físico e condições de formação dos estudantesd+ em Curitibanos nos encaminhamos para consolidar o espaço físico e, em Blumenau, o mais jovem de todos, também estamos buscando apoio na captação de recursos para qualificar salas e laboratórios.

AS –  Qual a avaliação que a Reitoria faz da Operação Ouvido Moucos da Polícia Federal?

UB –  Por mais que respeitemos as instituições de Estado, há que se refletir sobre as doses servidas neste processo. Vou me abster, como Reitor, de emitir quaisquer juízos. Mas é necessário que haja uma profunda reflexão sobre a origem da operação, o peso das prisões e as decorrências trágicas delas e os prazos decorridos até hoje.