O reitor da Universidade de São Paulo, Vahan Agopyan, afirmou ser “impossível” que o projeto Escola sem Partido seja implantado na USP. A proposta, que prevê combater uma suposta “doutrinação ideológica” nas instituições de ensino, tem o apoio do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e do próximo governador paulista, João Doria (PSDB).
“Na USP, é impossível. Obedecemos às leis, mas coisas que ferem nossa autonomia, a USP não precisa seguir. Isso fere. A universidade é um locus de debate. Formamos cidadãos”, afirmou o reitor em entrevista a O Estado de S. Paulo. Ele também descartou implantar algum tipo de mecanismo de controle ideológico na instituição — o que inviabilizaria qualquer denúncia de alunos como a estimulada por uma deputada estadual do PSL eleita em Santa Catarina.
Ele também afirmou ver com naturalidade que os problemas da sociedade repercutam na universidade. “O que me preocupa é explicar o que é uma universidade de pesquisa para a sociedade. A sociedade não entende a gente. Políticos dos dois lados afirmam coisas similares. De um lado, ensino é caro, então privatiza. De outro, é caro e precisamos fortalecer o básico. O que ambos dizem é que a universidade está cara e não precisamos dela.”
Vahan Agopyan ainda defendeu o ensino gratuito nas instituições de ensino superior. “O grosso dos alunos é classe média baixa. Não vai poder cobrar 75.000 dólares como [na Universidade] Yale, nem os ricos brasileiros têm [esse valor]. A última vez que fizemos as contas, para cobrar em proporção com que o aluno tem, as mensalidades não davam nem 8% do orçamento. A universidade está contribuindo para o desenvolvimento do país? Se está, é um investimento.”
Fonte: Revista Veja