Previdência que Guedes quer copiar provoca miséria e uma onda de suicídios de idosos no Chile

O modelo chileno de previdência que o ministro Paulo Guedes quer implantar no Brasil foi implantado durante a ditadura do General Augusto Pinochet. O sistema de previdência por capitalização retira do Estado e dos empregadores a obrigação de contribuir para as aposentadorias, que passam a ser sustentadas exclusivamente pelo trabalhador.

No Chile, todos que trabalham são obrigados por lei a descontar 10% dos seus salários para os fundos de capitalização, administrados por investidores privados. O valor da aposentadoria paga por estes fundos varia para cada indivíduo, e é calculado a partir de quanto contribuiu ao longo da vida. Depois de 37 anos de vigência naquele país, quando começaram a ser requeridas as aposentadorias por este sistema, os chilenos descobriram que muitos não conseguirão se aposentar, e os que terão direito vão receber muito pouco, geralmente menos que um salário mínimo.

A situação se tornou insustentável, provocando revolta na população e uma onda de suicídios de idosos. O Chile tem hoje o maior índice de suicídios entre idosos na América Latina. O atual presidente chileno, o conservador Sebastián Piñera, admitiu voltar a cobrar uma parcela dos empregadores para o sistema de previdência, dando prosseguimento a uma revisão que já havia sido iniciada em 2008 por sua antecessora, a socialista Michelle Bachelet.

O ministro brasileiro da Economia, Paulo Guedes, trabalhou no Chile durante a ditadura de Pinochet, e foi colega dos economistas que conceberam o modelo de lá que quer trazer para o Brasil. De acordo com artigo publicado em novembro no Le Monde Diplomatique , o ministro também tem ligações com interesses privados que se beneficiariam com a reforma proposta.

No Congresso Nacional, alguns parlamentares expressam sua objeção à adoção do modelo chileno no Brasil.

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E.M.