A revista Época publicou nesta semana o perfil do filósofo e ex-professor baiano Antonio Paim, guru intelectual do ministro da Educação Ricardo Vélez Rodriguez. Os dois se conheceramna década de 80 quando Vélez veio ao Brasil, da Colômbia, e assistiu a aulas ministradas por Paim na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. De pensamento liberal-conservador, o pensador acredita que o “Brasil é o único país do mundo, além da França, onde o comunismo parece que não acabou”.
Hoje, aos 92 anos, Paim vive numa casa de repouso na cidade de São Paulo. Na juventude, chegou a ser do Partido Comunista do Brasil e foi condenado a sete anos de prisão durante o governo de Gaspar Dutra (1946-1951) por um enfrentamento com a polícia. Reconhecido como preso político, cumpriu dois anos e dois meses e foi solto. Em liberdade, virou dirigente do Partido e chegou a viajar para a União Soviética eestudar teoria leninista em Moscou. Gradualmente, Paim foi se desvinculando do Partido. Diz o filósofo que fez “terapia kantiana” para deixar de ser marxista, estudou a social-democracia e no fim virou liberal pelos anos 70, depois do contato com o liberalismo inglês do século XIX.
No cenário político atual, ele diz estar satisfeito com as propostas do Partido Social Liberal (PSL), do presidente Bolsonaro. Preocupa-se, somente, com a presença militar: “Tem mais milico lá do que no tempo do Castello Branco. É um arranjo complicado. Você não pode dizer isso a priori, mas pode não dar certo […] “Se não houver um cataclismo que mude sua base social, o Brasil jamais será um país desenvolvido”.
Com relação à educação, o ex-professor Paim tem críticas duras ao sistema de ensino superior: “A USP é hostil ao pensamento brasileiro. A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, órgão do Ministério da Educação responsável pela supervisão dos cursos de pós-graduação) está na mão dos comunas, dos marxistas. O MEC só dá passagem e bolsa para quem está na chave gramsciana”.
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L.S. / L.L.