Ainda que o governo consiga atingir a meta de aprovar a reforma da Previdência em 2018, é baixa a probabilidade de a economia brasileira ter bom desempenho em 2019, avaliam especialistas ouvidos pelo jornal Folha de São Paulo. Enquanto no segundo semestre do ano passado a expectativa de alta para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano era de 3%, hoje economistas preveem crescimento abaixo de 2%, com a perspectiva de retomada econômica sendo projetada para 2020.
Os dados fechados do PIB de 2018 ainda não foram divulgados – a previsão é para o final de fevereiro –, mas analistas esperam que este ano repita o índice de 2017, com alta de 1,1%. Gradativamente, economistas percebem que os esperados efeitos positivos da reforma da Previdência sobre a confiança do mercado são incertos e não resultam automaticamente no aumento da capacidade de investir por parte do governo, analisa a Folha.
Elevar contribuição significa retirar renda da economia
Embora reconheçam que é preciso mudar algumas regras da Previdência para reequilibrar as contas do governo, especialistas como o economista Marcelo Gazzano, da consultoria AC Pastore, afirmam que se aposentar mais tarde não tem, necessariamente, impacto imediato sobre o PIB.
“Se a reforma da Previdência for aprovada, a elevação da contribuição previdenciária de servidores públicos e militares deve retirar renda da economia. São medidas necessárias, mas de efeito, a princípio, contracionistas. Além disso, quanto a confiança dos agentes vai subir só por aprovar a reforma? Não dá para saber”, conclui Gazzano.
Na última quinta-feira, o governo anunciou alguns pontos da reforma da Previdência, como a exigência de idade mínima para aposentadoria de 65 anos para homens e de 62 para mulheres e tempo de transição de 12 anos. A proposta completa da reforma deve ser apresentada ao Congresso nesta quarta-feira (20).
Mas além do cenário interno, também intervêm na economia do país fatores externos, como a queda dos preços das commodities e a desaceleração da economia mundial. No setor de investimentos, a equipe econômica do governo já evidenciou que espera que essa iniciativa seja tomada pelo setor privado, mas as indústrias sofrem as consequências do baixo consumo resultante do desemprego crescente – 12 milhões de desempregados.
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L.L