Evento ocorreu nesta segunda-feira, dia 11, no auditório do Centro de Ciências Jurídicas, com a participação do advogado da Apufsc-Sindical, Prudente Mello
Nesta segunda-feira, dia 11, ocorreu o debate sobre Direitos Humanos e o caso do reitor Cancellier, promovido pela 1° Semana da Diversidade do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Santa Catarina (CCJ/UFSC). A mesa foi composta pelos jornalistas Raquel Wandelli Loth e João dos Passos Martins Neto, e os advogados Samuel da Silva Mattos e Prudente José Silveira Mello, que atua na Apufsc-Sindical. O mediador foi o diretor Beto Chaves, autor da peça sobre Luiz Carlos Cancellier de Olivo, intitulada A Dor Da Gente Não Sai No Jornal.
Antes do início das discussões, no auditório do CCJ, foi exibido o documentário Em nome da inocência: Justiça, de Sérgio Giron e Edike Carneiro. A obra aborda os eventos que levaram à morte do ex-reitor, trazendo críticas sobre a atuação do sistema de justiça durante as investigações da Operação Ouvido Moucos, o papel da mídia e do contexto político da Operação Lava-Jato, que culminou nos fatos ocorridos em 2017.
A mesa de discussões foi aberta por Raquel, que iniciou sua fala dizendo que “nós não podemos mais nos calar” sobre casos de injustiça como o de Cancellier. Ela se referiu ao ocorrido como um sacrifício político de luta contra o autoritarismo, e enfatizou o fato de que figuras como o ex-corregedor nunca foram responsabilizadas por seus atos.
O também jornalista João dos Passos seguiu o debate. Ele era procurador-geral do estado de Santa Catarina na época dos eventos do caso Cancellier, e leu a nota oficial que publicou na data, declarando o abuso de autoridade envolvido no caso, a necessidade de responsabilização e de honrar o legado do reitor. João, que se aposentou do cargo de procurador do estado em fevereiro de 2024, fez críticas ao sistema processual penal brasileiro, dizendo que histórias como a de Cancellier deveriam ser o motor de inspiração para sua evolução.
Samuel da Silva Mattos falou sobre suas memórias da perda de Cancellier, declarando que todos os eventos ocorridos foram uma “tragédia anunciada”. O advogado falou sobre a importância de lembrar a história do reitor, através de homenagens como a criação do jardim Cancellier na UFSC.
O advogado da Apufsc, Prudente José Silveira Mello, fechou as falas da mesa, enfatizando que todo o contexto político da Lava Jato foi responsável pela forma como os fatos foram conduzidos e tratados durante as investigações que terminaram na morte de Cancellier. Ele falou sobre a criação de uma política de memória, para lembrar o que aconteceu e refletir sobre a atualidade cada vez maior dos fatos. Prudente enfatizou que esse tipo de lembrança é fundamental “para que nunca mais se repita, e para que nunca mais aconteça”, destacando que isso só é possível com mudanças nos sistemas e instituições brasileiros. Ao final, ele leu um texto escrito em homenagem a Cancellier.
Laura Miranda
Imprensa Apufsc