Bebeto Marques participou do evento em Fortaleza representando também a Diretoria do Proifes-Federação
Na manhã desta quarta-feira, dia 30, no Seminário Internacional da Educação, que ocorre em Fortaleza, no Ceará, o presidente da Apufsc-Sindical e diretor de Políticas Educacionais do Proifes-Federação, Carlos Alberto Marques, coordenou uma mesa sobre carreira docente e valorização do magistério. O evento, que iniciou na terça, dia 29, é realizado pela Confederação Sindical de Educação dos Países de Língua Portuguesa (CPLP-SE), que também celebra seus 25 anos na ocasião.
Bebeto ressaltou que o seminário “foi muito positivo, integrando entidades sindicais que têm muito em comum”.
Durante o evento, foi aprovada a criação do observatório sindical de países de língua portuguesa para acompanhar as políticas públicas de educação, de modo a intervir para a melhoria da área.
“Também foram discutidas as preocupações em relação ao meio ambiente, remodelação da ONU para que os países de língua portuguesa sejam representados no Conselho de Segurança, particularmente o Brasil, e também para que o português seja língua oficial”, destacou Bebeto.
O presidente da Apufsc também apresentou um vídeo institucional da CPLP e Internacional da Educação sobre a questão climática, a relação com a educação e o papel dos professores e professoras neste cenário.
Carta do Proifes
Bebeto apresentou ainda um documento aprovado pela Diretoria do Proifes, com sugestões a serem incorporadas à carta final do Seminário, em que são defendidos dez pontos:
- O multilateralismo na abordagem de problemas e tensões internacionais;
- Reforma das Nações Unidas e do seu Conselho de Segurança (assento do Brasil como membro permanente e adoção do português como língua oficial da ONU);
- Taxação dos super-ricos para um fundo mundial de combate à fome;
- Combate e criminalização do trabalho escravo e ao trabalho infantil, com penas severas de acesso a fundos de financiamentos (FMI, BID, BM, BRICS, etc) a Estados do G20;
- Combate e criminalização do desmatamento, com penas severas de acesso a fundos de financiamentos (FMI, BID, BM, BRICS, etc) a Estados do G20;
- Pacto do G20 por uma agenda de transição energética renovável, com prazos mais curtos e a proibição dos combustíveis fósseis a partir antes da metade desse século;
- Educação ambiental (incluindo a educação climática) na educação básica, em todos os países do G20;
- Valorização dos profissionais da educação, por meio da garantia de condições dignas de trabalho, com remunerações dignas e justas, e a instituição legal de carreira de Estado aos profissionais da educação;
- Uso de tecnologias educacionais centradas nas pessoas e de preferências públicas e com controle social da comunidade escolar;
- Uma educação inclusiva e democrática, acessível a todas as pessoas, sem discriminação.
Além de Bebeto, participaram do Seminário representando o Proifes a diretora de Direitos Humanos, Rosangela Oliveira; o diretor de Ciência e Tecnologia, Ênio Pontes; o diretor de Assuntos Educacionais do Magistério Superior, Geci Silva; a segunda-secretária, Adnilra Sandeski; e os integrantes do Conselho Deliberativo Dárlio Teixeira, Lúcio Olímpio, Guilherme Sachs, Geovana Reis e Isaura Brandão.
::: Confira a carta do Proifes na íntegra
Democracia e meio ambiente
Emprego, salário, perspectivas e desafios da educação pública no atual contexto global e latino-americano de adversidade social, política e econômica, foram alguns dos temas debatidos no evento.
“Este é o nosso momento. Fortalecer a organização sindical e promover a solidariedade entre educadores ao redor do mundo são ações cruciais para transformar a educação e a sociedade como um todo”, afirmou David Edwards, secretário-geral da Internacional da Educação.
Na América Latina, o impacto da extrema-direita sobre os direitos dos trabalhadores da educação, quando a “região está passando por momentos muito difíceis”, foi lembrado por Sonia Alesso, presidenta da Internacional da Educação para a América Latina. Alesso destacou que, em seu país, a Argentina, os direitos conquistados foram suspensos pelo atual governo de direita. “E, em muitos outros países, há repressão, perseguição ao movimento sindical e ameaças de assassinato a líderes sindicais e sociais, onde a extrema-direita ataca cada um dos nossos direitos e conquistas”, disse.
“Educação é investimento, não gasto. Quando há retrocessos, os direitos e avanços dos últimos anos podem ser facilmente ameaçados”, afirmou o secretário-executivo do MEC, Leonardo Barchini. Ele defendeu a necessidade de lutar pela valorização dos educadores, destacando ainda a importância de um investimento contínuo em educação integral e no bem-estar e saúde mental dos profissionais de ensino.
Em um discurso marcado pela admiração à América Latina, Mugwena Mululeke, presidente da Internacional da Educação, elogiou a liderança e resiliência da região, referindo-se ao continente como um exemplo de diversidade cultural e social no ambiente educacional.
“Nossa jornada é de resiliência e determinação inabaláveis. Nossas salas de aula refletem o mosaico de diferentes origens e perspectivas, e isso é nossa força. Mas é preciso avançar mais e combater as desigualdades que afetam a educação de nossas populações indígenas e afrodescendentes”, declarou.
Mugwena também falou sobre a importância de incorporar a educação ambiental, trazendo o meio ambiente para o centro das discussões. Sonia Alesso defendeu um movimento sindical que reforce direitos e preserve o meio ambiente, que está cada vez mais ameaçado por catástrofes climáticas.
Ela ressaltou que o movimento sindical deve continuar a lutar por uma América Latina sustentável e em paz, defendendo os bens comuns e investindo em políticas educacionais que promovam um futuro mais verde. Alesso falou também da urgência de atrair novas gerações para o movimento sindical, apostando no engajamento dos jovens professores.
Organização sindical
David Edwards, secretário-geral da Internacional da Educação, chamou a atenção para a escassez de professores e a urgência em proteger os direitos dos educadores, especialmente em um mundo marcado pela crescente desigualdade. Segundo ele, a única forma de assegurar o futuro da educação é fortalecer a organização sindical e garantir que todos os trabalhadores do setor tenham suas vozes ouvidas.
“Precisamos pressionar contra as guerras e apoiar nossos colegas ao redor do mundo. Hoje, temos 33 milhões de professores em cada canto do planeta, cada um comprometido com valores de solidariedade e justiça social”, afirmou.
Ele agradeceu ao Brasil pela acolhida e pelo histórico de apoio ao movimento sindical. Destacou a relevância da união entre educadores ao redor do mundo, especialmente na defesa dos direitos trabalhistas e da paz.
Ao final, anunciou que as demandas e perspectivas discutidas no Seminário da Internacional da Educação serão levadas ao G20 e à Unesco como forma de consolidar as resoluções para enfrentar os desafios da educação básica, crise ambiental e privatização.
Imprensa Apufsc
Com informações do Proifes