Mais cara e menos saudável: alimentação escolar perdeu 42% do poder de compra nos últimos 14 anos

Levantamento da Observatório da Alimentação Escolar indica que Pnae funciona com um déficit de R$ 4,2 bilhões; organização recomenda reajuste automático a partir do IPCA

No extremo noroeste do Brasil, São Gabriel da Cachoeira (AM) tem 28% de seus 51.795 moradores matriculados nas 227 escolas da rede pública. A cidade, que também tem o maior percentual de população indígena do país, enfrenta um desafio diário assim que toca o sinal de mais um início de período escolar: pensar em formas de garantir a alimentação, decisão que, muitas vezes, também pode influenciar no calendário escolar. 

“No contexto em que vivemos, se o professor já sabe que não vai ter merenda, ele não tem outra escolha, precisa suspender a aula, pois isso também afeta no rendimento dos alunos. E, quando eles não suspendem, sabemos que os alunos também não vão para a aula. Temos situações críticas de evasão e de queda no desempenho porque não estamos conseguindo garantir a alimentação escolar”, lamenta Cenaide Lima, membro da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) e presidente do Conselho de Alimentação Escolar (CAE) em São Gabriel da Cachoeira.

A situação na cidade não é uma exceção: nos últimos dez anos, o poder de compra da alimentação escolar diminuiu na rede pública de ensino, com um rombo que chega a bilhões. É o que conclui um estudo lançado nesta quinta-feira pelo Observatório da Alimentação Escolar (ÓAÊ), que analisou a série histórica da inflação dos alimentos e comparou com os reajustes realizados para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) entre 2010 e 2024. Além do levantamento, o ÓAÊ lança uma campanha para sensibilizar a sociedade sobre a importância de correção dos valores.

Leia na íntegra: O Joio e o Trigo