O sindicato necessário

*Por Lucas Nicolao

Nessa semana teremos eleições para a Diretoria do nosso sindicato, um importante momento de debate sobre o seu papel e sobre as pautas da nossa categoria. Precisamos de um sindicato que esteja do lado da professora e do professor no momento das negociações com o governo, e que tenha firmeza para exigir dele melhores condições de trabalho e salários, assim como carreira e aposentadoria justas. Precisamos de uma direção sindical despersonalizada e que acesse e respeite todas as suas instâncias democráticas, pois da base surgem as mais urgentes e sinceras demandas da categoria. Por isso, o que propõe a Chapa 2 é o método das decisões coletivas, da participação da base com cada professor e professora como protagonista, seja das lutas necessárias para nossa categoria, seja para as transformações que queremos para o nosso trabalho no cotidiano da docência. E se propõe a fazer isso respeitando posicionamentos, assim como experiências e saberes de cada docente, tão plurais como é a nossa universidade, uma das melhores do país.

Essa eleição para a direção do sindicato não é sobre a filiação ao Proifes ou ao Andes. É sobre nossa autonomia sindical. Sobre nosso direito coletivo de convocar discussões a respeito dessas filiações. É sobre nosso estatuto ser rigorosamente obedecido, e não apenas quando convém à Diretoria. Essa eleição tampouco é sobre candidaturas à Reitoria. É sobre garantir os interesses trabalhistas da base, o que é inconciliável com os interesses de grupos que instrumentalizam o sindicato para se viabilizarem eleitoralmente.

Essa eleição não é sobre ser a favor ou contra a última greve. É sobre a Diretoria ter de fato responsabilidade nas lutas. Independentemente dos interesses envolvidos, sejam da própria Diretoria, de membros do seu grupo político que se alçaram ao poder nacionalmente ou da federação em que atuam, é inaceitável que uma Diretoria de um sindicato sabote a própria greve em vários momentos de seu processo, abandonando a categoria no momento mais crítico da atuação sindical.

Essa eleição é sim sobre o poder de uma Diretoria, concentrado por quase uma década em torno do mesmo grupo político, que se candidata a mais uma reeleição através da Chapa 1 “Somos Apufsc”, depois de uma gestão autoritária e divisionista – aspectos presentes inclusive no nome da chapa e em ações práticas.

Desde o início do ano, mas sobretudo mais recentemente, diretores, ex-diretores e candidatos à Diretoria classificam quem pensa diferente deles de extremistas – de esquerda ou de direita, a depender para onde aponta o vento. A retórica divisória, que demoniza o outro e transforma o adversário em inimigo, é usada como estratégia de mobilização através do medo. Não leva em conta, no entanto, que somos todos/as colegas de trabalho, e com certeza todos/as nós “somos Apufsc”.

Por outro lado, a coleção de ações autoritárias da atual diretoria é vasta: desrespeito a autoconvocações do CR e autoconvocação de assembleia geral, processar a UFSC contra direitos estudantis sem consultar a base, desfiliação sem justificativa jurídica de um colega (que configura perseguição política), o fechamento das salas nos campi sem consultar o CR, entre muitas outras ações unilaterais.

Nosso coletivo vem denunciando essas ações nos últimos meses. Como resposta, lamentavelmente observamos rótulos deselegantes. Na falta de ideias e propostas, se criticam as pessoas – um recurso que pode ser aplicado a qualquer um/uma que desafie o poder estabelecido. O mesmo se aplica às arbitrariedades. Uma vez inaugurado o recurso de não cumprir o estatuto, elas podem ser voltadas contra qualquer filiado ou filiada, não importa a justificativa.

Como alternativa, o que propõe a Chapa 2 “Mobiliza Apufsc: base, democracia e luta” é se pautar pelas decisões coletivas, contrapondo-se à visão de um sindicato vertical e hierarquizado, herança da ditadura militar. Uma Diretoria precisa fazer trabalho de base para estar conectada e atenta a ela, na hora das lutas e na hora das celebrações. Desse trabalho sério, rigoroso e diversificado pode surgir uma união necessária aos desafios dos nossos tempos, que só vejo possível na Chapa 2.

A Chapa 2 traz consigo uma nominata atuante e plural, representativa de muitos centros e de muitas gerações de docentes.

Pela renovação e contra o discurso do medo, escolho a esperança de um sindicato conectado às necessidades da categoria docente. Por isso escolho a Chapa 2.

*Lucas Nicolao é professor do CFM/UFSC