Evento ocorreu no auditório do Centro de Ciências Jurídicas da UFSC, nesta terça-feira, com apoio da Apufsc-Sindical e do Instituto Humaniza SC
Nesta terça-feira, dia 10, ocorreu no Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Santa Catarina (CCJ/UFSC) o lançamento do livro ‘Beyond Molotovs – Um Manual Visual de Estratégias Antiautoritárias‘. Durante o evento, apoiado pela Apufsc-Sindical e pelo Instituto Humaniza SC, os convidados apresentaram o projeto que deu origem ao livro e debateram a luta contra movimentos autoritários no Brasil e no mundo. O presidente da Apufsc, José Guadalupe Fletes, o vice-presidente, Adriano Duarte, e a pró-reitora de Aperfeiçoamento Institucional da UFSC, Luana Heinen, estiveram presentes.
“O manual tem mais de 50 publicações de diversas formas, estratégias e pautas na luta contra o autoritarismo”, resumiu Paula Larruscahim, pós-doutoranda na UFSC e pesquisadora do International Research Group on Authoritarianism and Counter-Strategies (Irgac), instituição responsável pela edição do livro. Durante o discurso de abertura, ela ressaltou que, no atual contexto político mundial, é importante pensar em meios de oferecer práticas democráticas, diversas, justas e criativas à convivência no planeta.
Paula explicou, ainda, que o tema escolhido para o lançamento do livro no Brasil foi a questão dos direitos reprodutivos e da descriminalização do aborto. Setembro é o mês que marca a luta pela legalização do aborto na América Latina e no Caribe. “Nós sabemos que são os corpos femininos os alvos imediatos das diversas formas de violência que decorrem de regimes e práticas autoritárias”, reforçou.
Julieta Mira, pesquisadora do Irgac e professora da Universidad Nacional de Lanús, foi a primeira convidada a falar sobre a elaboração do projeto. Ela destacou a busca pela diversidade de experiências que orientou a pesquisa, enfatizando a importância de trabalhos colaborativos, criativos e visuais como estratégia para fortalecer o movimento de resistência. “O livro é uma trama de diálogos entre saberes, visões, testemunhos e lutas”, define. Julieta também apresentou o capítulo em que colaborou com um fotógrafo, que retratou a luta feminina na história da Argentina. Seu texto foi traduzido pelo Portal Catarinas e está disponível na íntegra.
Em seguida, Paul Schweizer, professor na Universidade de Halle, na Alemanha, e membro do Kollektiv Orangotango, que também apoiou a elaboração do manual, apresentou o projeto do livro e seu resultado final. Ele destacou o trabalho coletivo envolvido na produção e ressaltou a intenção de que o manual esteja disponível para todos que queiram usá-lo, razão pela qual é oferecido gratuitamente. “A base deste livro é a conclusão de que os movimentos autoritários não operam com argumentos racionais“, explicou. “Portanto, a forma de combatê-los também não deve ser com argumentos racionais.” Paul acrescentou que é necessário trabalhar também o plano visceral e emocional, buscando estratégias que atinjam as emoções da mesma forma que o autoritarismo, mas expandindo para além do ódio e do medo que ele provoca, e promovendo sentimentos como esperança, empatia, solidariedade e amor.
Paul contou que, ao longo da construção do projeto, os editores receberam mais de 100 sugestões de contribuições, que precisaram ser selecionadas para chegar ao produto final. Ele descreve o resultado como uma coleção que ‘não é completa e não é uma coleção fácil de categorizar.’ O professor também explicou que o livro possui três sumários que organizam os textos: o primeiro tem a forma de um mapa, funcionando como um ‘sumário regional’ de cada história; o segundo ‘segue um fio vermelho’ da narrativa, detalhando o passo a passo dos eventos no início da obra; e o terceiro busca categorizar os tipos de estratégias utilizadas em cada contribuição. Segundo Paul, a obra será traduzida para o português e o espanhol.
Além disso, ao longo de todo o evento, cartazes contendo textos presentes na obra ficaram expostos para o público. De acordo com os organizadores, essa ação faz parte da intenção de que o livro esteja disponível de forma acessível e gratuita para o maior número possível de pessoas, uma vez que uma das bases do projeto é o trabalho coletivo e a importância de uma luta unificadora.
Assista o evento na íntegra:
Imprensa Apufsc