João Rivelino Rezende Barreto vai integrar o Departamento de Antropologia
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) empossou nesta segunda-feira, dia 5, João Rivelino Rezende Barreto como o primeiro professor aprovado em um concurso público exclusivo para candidatos indígenas na institução. A cerimônia, realizada na sala de reuniões da Reitoria no campus de Florianópolis, marcou a integração de Barreto ao Departamento de Antropologia, onde substituirá o professor Oscar Calavia Saéz, atualmente na Universidad Complutense de Madrid, na Espanha. João é o segundo professor indígena da UFSC. A primeira é a professora Adriana Kaingang, do Departamento de História, que ingressou na universidade por meio de um processo seletivo de ampla concorrência.
O concurso específico para candidatos indígenas foi uma iniciativa dos departamentos de Antropologia e de História da UFSC, formalizada pela Portaria Normativa Nº 477/2023, publicada em maio de 2023. A medida, apoiada pela Resolução Normativa Nº 175/2022/CUn, busca promover a inclusão de candidatos negros, quilombolas e indígenas.
Durante a cerimônia, a vice-reitora da UFSC, Joana Célia dos Passos, ressaltou que João representa mais do que um novo docente, é uma conquista de saberes para a universidade. “É com grande alegria que recebemos o professor João Rivelino, nosso primeiro professor a ingressar por concurso público exclusivo para indígenas e o segundo docente indígena na UFSC. A universidade também é território indígena e precisa da presença e do conhecimento dos povos originários para manter sua excelência.”
Segundo a professora Dilceane Carraro, pró-reitora de Graduação e Educação Básica, o concurso específico para docente indígena foi uma iniciativa pioneira da UFSC. “O ingresso do professor João Rivelino Rezende Barreto vem colaborar para potencializar distintos saberes e contribuir na promoção da interculturalidade. É uma grande conquista para a universidade”.
João é natural de São Gabriel da Cachoeira, Amazonas, e indígena da etnia Tukano. É formado em Filosofia pela Faculdade Salesiana Dom Bosco (FSDB), mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e doutor em Antropologia Social pela UFSC. Além disso, é autor de três livros e desenvolvedor do projeto Kumuro: Reconstrução da Maloca e dos Ornamentes Artísticos Tukano na Aldeia São Domingos Sávio.
“Continuaremos vencendo as desigualdades”, discursa professor
O professor João avaliou, em seu discurso, que o momento representa uma conquista para todos os povos indígenas. “Venci a orfandade, venci a fome e continuaremos vencendo as desigualdades sociais através dos estudos, como discentes e docentes nas escolas indígenas e não indígenas, como discentes e docentes em universidades públicas”.
A pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidade, Leslie Sedrez Chaves, expressou seu sentimento: “Que os povos originários ocupem esses espaços. Este é apenas um momento de coroar um direito.” Scott Correll Head, chefe do Departamento de Antropologia da UFSC, destacou o papel fundamental dos movimentos sociais indígenas para a realização deste momento. O professor Alex Degan, diretor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), destacou a relevância de João.
Após a cerimônia, o professor João posou para fotos ao lado dos moradoras do Alojamento Indígena da UFSC e da ocupação Goj Ty Sá, que fica no antigo Terminal de Integração do Saco dos Limões (Tisac), em Florianópolis.
Fonte: Notícias UFSC