Projeto Raízes da Cooperação é realizado pela Escola Básica Municipal Professora Herondina Medeiros Zeferino
Em um dia ensolarado de outono, 18 alunos da Escola Básica Municipal (EBM) Professora Herondina Medeiros Zeferino exploraram uma área de manguezal em Florianópolis para aprender sobre o ecossistema e colher amostras do ambiente. Com direito a sorteio de brindes e lanche coletivo, a saída de campo fez parte de uma iniciativa que já alcançou mais de 500 pessoas na promoção da ciência cidadã, uma abordagem que consiste na parceria entre cidadãos e profissionais na coleta de dados para a pesquisa científica. Com foco em educação climática, manguezal e ecossistemas associados, a ação foi realizada pelo Projeto Raízes da Cooperação, com apoio do programa de extensão Ecoando Sustentabilidade e o Programa de Pós-Graduação em Oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
A atividade de campo integra um processo formativo que ajuda educadores no desenvolvimento da ciência cidadã em espaços escolares e unidades de conservação. O processo é dividido em quatro etapas: curso teórico gratuito online e presencial (finalizado em 2023); aulas práticas com saídas de campo; apoio na realização de estratégias de ação e projetos que estão sendo desenvolvidos pelos cursistas; e um evento final “Conectando com outras raízes”, que acontecerá no final deste ano.
Durante a saída, que aconteceu em 28 de maio, os alunos do Ensino Fundamental da EBM Professora Herondina, com idades de 9 a 13 anos, foram orientados pelas professoras Ana Maria Vasconcelos e Alessandra Tacol enquanto exploravam a área de manguezal do rio Ratones. O perímetro faz parte da Estação Ecológica de Carijós, localizada ao norte da ilha de Florianópolis.
A gestora de Educação e Ciência Cidadã do projeto, Maya Ribeiro Baggio, também esteve presente para prestar apoio na atividade, juntamente com três estudantes do Ensino Médio que participam do projeto como monitores pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic). A equipe levou camisetas, bonés e cadernos do projeto para distribuir entre as crianças por meio de um sorteio onde ninguém saiu de mãos abanando.
“Nosso objetivo é promover a ciência cidadã como uma ferramenta de educação ambiental dentro do ensino formal, estimular a conhecer o ambiente, entender os problemas que acontecem e pensar em soluções, sensibilizando os alunos e formando os professores também”, afirma Maya.
No manguezal, as crianças ficaram responsáveis por coletar propágulos (sementes de árvores de mangue) e preencherem o Protocolo de Monitoramento Participativo, onde analisaram o solo, as folhas e os demais elementos do ecossistema para levar até a escola. Lá, os propágulos foram divididos em 5 compartimentos e plantados na lama para serem individualmente regados com diferentes tipos de água:
- Água doce de torneira
- Água salgada do mar
- Água do estuário (ambiente de transição entre rio e mar) do Ratones
- Água do estuário com alga marinha sargassum
- Água doce do rio Capivari
Ana Maria conta que a utilização das algas sargassum foi uma recomendação do Departamento de Botânica da UFSC para nutrir os propágulos, ajudando no seu desenvolvimento. Até o final do ano, as turmas vão observar o desenvolvimento das sementes e analisar o impacto do tipo de água em cada compartimento. Quando os propágulos atingirem 50 centímetros de comprimento (fase em são chamados de plântulas), serão transferidos para as margens do rio Capivari, no bairro dos Ingleses, na tentativa de restaurar o ecossistema de manguezal que existia anos atrás.
“Sabemos a importância que tem esse ecossistema em relação ao avanço do nível do mar, a absorção e estocagem de carbono, a regulação do clima, ao controle da erosão, todos esses benefícios”, diz Ana.
O projeto realiza de duas a três saídas por semana com turmas de escolas estaduais e municipais, visando um total de 30 antes do evento Conectando Outras Raízes, que constitui a quarta etapa do processo. Nele serão apresentados os resultados dos experimentos com os propágulos no auditório do Espaço Físico Integrado (EFI) da UFSC, no dia 25 de setembro.
O Raízes da Cooperação é executado pela Ação Nascente Maquiné (Anama) em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, e atua com diversas escolas da rede pública de Florianópolis. Além da UFSC, recebe apoio do Instituto do Meio Ambiente (IMA) de Santa Catarina e do Instituto Çarakura e Agência de Gestão e Educação Ambiental (Agea). As ações são realizadas no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (em áreas da Palhoça), Estação Ecológica Carijós e Reserva Extrativista Pirajubaé (Florianópolis) e na TI Mbya Guarani Morro dos Cavalos (Palhoça).
Fonte: Notícias UFSC