Programação pretender dar insumos à política científica brasileira para os próximos 10 anos
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, participou nesta terça-feira, dia 30, da cerimônia de abertura da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5ª CNCTI). O evento, que prosseguirá até quinta-feira, dia 1°, tem como objetivo apresentar diretrizes para o desenho da política científica brasileira a ser aplicada nos próximos 10 anos.
Em sua fala, Lula ressaltou o papel da comunidade científica na articulação política e citou nominalmente o trabalho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
“A primeira coisa que a gente tem que ter consciência é que um síndico de um prédio, um governador de Estado, um presidente da República têm que ter a capacidade de ouvir, conversar com a diversidade, ceder, e o mais importante, aprender. E eu só aprendi a ouvir porque eu não sei das coisas”, declarou.
No evento, Lula também recebeu das mãos da ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e da presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader, a proposta do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), que foi desenvolvido pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) e aprovado na última segunda-feira, dia 29.
“Nós temos um banco de dados do SUS [Sistema Único de Saúde], um banco de dados da Receita Federal, do INSS [Instituto Nacional do Seguro Social], e um banco de dados do Brasil? Esse é o primeiro passo da Inteligência Artificial, integrar o que temos. Nós precisamos criar uma estrutura para que os dados do País estejam compilados e disponibilizados à sociedade brasileira”, disse.
A ministra Luciana Santos afirmou que a 5ª CNCTI é o momento de valorizar a Ciência Brasileira e de pensar em novas formas de aproximação dela com a sociedade.
“Agradeço a todos que fazem parte do nosso Ecossistema de Ciência e Tecnologia, que é muito importante. Somos o 13º país no ranking de produção científica, e precisamos transformar essa produção, cada vez mais, em riquezas.”
Santos ressaltou o período de negacionismo científico que o Brasil viveu nos anos, além do fato da última Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação ter ocorrido há 14 anos. “Essa 5ª Conferência é o coroamento da retomada do diálogo e da participação na política científica brasileira. Os vários Brasis que vivem em nosso território precisam ser ouvidos.”
A ministra destacou que a retomada das políticas científicas no País veio com a reintegração dos recursos do FNDCT, o Fundo Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico, realizada no começo do Governo Lula. “Em 2023, foram R$ 10 bilhões destinados à Ciência e, agora em 2024, serão mais R$ 13 bilhões.”
A chefe da pasta da CT&I concluiu sua fala abordando o desafio governamental de colocar o conhecimento científico no centro da solução dos grandes desafios.
“Aqui na 5ª CNCT vamos debater uma Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação para os próximos 10 anos. Com isso, nós queremos nos inserir nas principais cadeiras da economia global. Onde houver lacunas das nossas potencialidades científicas e tecnológicas, nós precisamos olhar.”
A sociedade na 5ª CNCTI
O secretário-geral da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, Sergio Rezende, apresentou os números do evento e sua programação preparatória.
“Ao todo, foram mais de 220 reuniões e conferências, que reuniram mais de 100 mil pessoas em todo País – em participações presenciais e remotas. E na nossa organização, contamos com 180 pessoas, de 52 entidades diferentes. São números grandes para se pensar a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.”
Rezende também destacou o trabalho de Francilene Garcia, vice-presidente da SBPC, que integra a comissão organizadora e também coordena a subcomissão de Sistematização e Documentação, responsável por documentar e agrupar todos os debates realizados e os que ainda ocorrerão.
“Foram mais de 4 mil horas de programação, que geraram dois e-books, produzidos com Inteligência Artificial e disponíveis para download em nosso site. Essas publicações trazem sínteses das discussões já realizadas, para embasar as discussões que ocorrerão nesta semana”, ressaltou.
O secretário-geral da 5ª CNCTI e ex-ministro da Ciência citou as recomendações para a nova política científica apresentadas pela SBPC e a ABC.
“A SBPC e a ABC apresentaram algumas orientações para a elaboração da Estratégia Nacional de Ciência e Tecnologia. Eu gostaria de destacar quatro tópicos. O primeiro é que essa Estratégia precisa definir caminhos para termos uma redução da burocracia excessiva que assola as universidades. Já o segundo, é que ela possibilite a execução de uma política nacional específica para a Amazônia.”
No terceiro item, Rezende listou a renovação profunda da universidade brasileira. “A SBPC, especificamente, sugeriu que seja realizada uma força-tarefa interministerial para propor transformações que visem aperfeiçoar o sistema universitário brasileiro”, ponderou.
Por fim, houve a indicação de aumento de recursos para a Ciência brasileira, que envolvam a criação de novos Fundos Setoriais ou a reestruturação dos fundos já existentes.
Representando o CCT, a presidente da ABC, Helena Nader, reforçou a importância da entrega do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial ao presidente Lula, o que, para ela, é um dos passos iniciais no desenho da nova política científica brasileira.
“Esse plano, encaminhado pelo CCT, é um mapa de como o Brasil deve proceder no tema. Não é algo definitivo, porque, assim como a inteligência humana, a Inteligência Artificial, está em desenvolvimento. É um plano que busca promover, principalmente, o desenvolvimento inclusivo da IA no nosso país”, afirmou.
A cerimônia de abertura da 5ª CNCTI também contou com a presença do ministro da Educação, Camilo Santana, da ministra da Saúde, Nísia Trindade, além de representantes de demais pastas ministeriais.
O evento também contou com personalidades do setor, como o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Renato Janine Ribeiro; o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Celso Pansera; a presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Denise Pires de Carvalho, e o presidente do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ricardo Galvão.
Fonte: Jornal da Ciência