Colegas filiados/as,
Todas as greves têm muitos significados, consequências, e levam tempo para serem compreendidas. Aqui na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) a greve durou de 7 a 24 de maio, quando, depois de uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE), seguida de votação eletrônica, a maioria determinou o término da greve e a aceitação da proposta do governo. Entretanto, um grupo de professores, liderados por aqueles que se autodenominam “docentes em luta” (na verdade, “Andes-UFSC”), mesmo tendo participado da votação da Apufsc, de forma anti-estatutária manteve a paralisação e tentou institucionalizá-la no Conselho Universitário (CUn).
Esses procedimentos antidemocráticos foram coordenados, aqui e nacionalmente, pela Andes-SN. Essa entidade sindical promoveu acintosamente uma violenta campanha de difamação e perseguição contra quem não seguiu suas determinações e, em especial, aos sindicatos federados ao Proifes-Federação, com claros objetivos: impedir a assinatura do acordo com o governo (impetrando ações judiciais em 18 estados) e promover uma campanha de desfiliação do Proifes. Essa campanha, aqui na UFSC, é patrocinada por meio dos prepostos da Andes, que por estar a Andes legalmente impedida de agir no estado, adotam o nome de “docentes em luta”.
Em 27 de maio, foi firmado o acordo entre Proifes e governo para reajustes salariais e melhorias na carreira e, depois de um mês buscando manter sua greve, pasmem, a Andes assinou o mesmo acordo. Usaram de artimanhas para estender a paralisação, na qual a pauta de reivindicação era apenas uma “justificativa” para suas ações políticas com outras finalidades. A Andes atual é destrutiva, não convive com a pluralidade política, ataca violentamente quem pensa diferente e pratica um sindicalismo mais partidário que universitário.
Aqui ocorre o mesmo. Para manter as ações em alta voltagem, lideranças da Andes-UFSC e seus seguidores têm usado todo tipo de recursos, legais ou insólitos, para manter a mobilização, pois as eleições na Apufsc-Sindical serão na primeira quinzena de outubro/2024. São os mesmos que praticaram e mantiveram um sindicato paralelo ao nosso de 2009 até recentemente (seção sindical da Andes) – pelo qual a justiça os multou em R$ 2,8 milhões.
É nessa perspectiva que, infelizmente, está em curso mais uma manobra política por parte desse grupo que, investidos de conselheiros/as no Conselho de Representantes (CR), buscam inviabilizar o funcionamento da Diretoria legitimamente eleita da Apufsc.
Quase semanalmente, apresentam pedidos de autoconvocação do CR, com acusações infundadas e genéricas, cujo objetivo é impor à direção do sindicato uma agenda que atenda seus reais objetivos: a convocação de AGE de desfiliação do Proifes. Burlando a verdadeira identidade política (repita-se: Andes), essas lideranças visam filiar a Apufsc-Sindical à Andes.
Claro que mudar a filiação é um direito da categoria, mas isso se faz por meio das regras do estatuto e após amplo e democrático debate – como ocorreu em 2020. Por que então tanta pressão para o debate acontecer antes da eleição?
Nosso alerta é que, enquanto a grande a maioria dos/das professores/as ou está em férias ou alguns buscando terminar o semestre, esse grupo de colegas, detentores de uma eventual maioria no CR, ao invés de atuarem como porta-vozes dos filiados/as nos respectivos departamentos e aposentados, criam um clima permanente de tensão na vida sindical, cuja toxicidade é incompatível entre pares e intolerável em ambiente acadêmico.
Nunca é demais lembrar que todo e qualquer assunto de pauta do CR, conforme o Art. 26 do Estatuto, deve ser discutido previamente por quem representa colegas filiados nos departamentos. Estamos certos de que esses conselheiros/as não o fizeram.
Na Assembleia Geral Ordinária (AGO) de apreciação das contas e do plano da ação da Diretoria, ocorrida na última segunda-feira, dia 22, de forma orquestrada, esses mesmos colegas criaram toda espécie de dificuldades e subterfúgios para não aprovar as contas (completamente escrutinadas por um escritório de contabilidade e com parecer favorável do Conselho Fiscal) e não aprovaram o plano de atividades para os últimos três meses desta gestão. Não bastasse isso, ao término da AGO, liderados por esse mesmo grupo da Andes-UFSC, foi apresentado um abaixo-assinado para a convocar uma AGE para a desfiliação nacional, sem mencionar o objetivo final: filiar a Apufsc à Andes. É parte da campanha nacional da Andes para combater o Proifes e inviabilizar sua carta sindical.
Em 49 anos de atividades do sindicato, nunca havíamos chegado a tal grau de cizânia, do tal vale-tudo como método, com a falta de respeito, com mentiras e distorções de fatos. Na disputa de ideias e de diferentes projetos político-sindicais, a prática do vale-tudo não pode prosperar e ser tolerada. Deve haver limites para a ação destrutiva no âmbito da vida sindical.
Somos uma categoria plural, o que é muito positivo, mas talvez estejamos assistindo a uma disputa da qual não haverá vencedores. Por isso, as práticas antissindicais devem ser rejeitadas, e diretorias sindicais que não sabem dialogar com a pluralidade de ideias e são apartadas dos fóruns de entidades do campo educacional e das entidades científicas exprimem a visão estreita de nossa identidade docente e do meio onde trabalhamos.
Colegas, a greve evidenciou o fracasso na estratégia de quem fez de tudo para mantê-la o maior tempo possível. Houve a assinatura do mesmo acordo entre o governo e o Proifes-Federação e depois a Andes mostrou isso. A Apufsc, com sua filiação ao Proifes, adquiriu protagonismo nacional, tanto no meio sindical quanto educacional, devido à sua atuação independente e propositiva. Todas as decisões que tomamos têm sido com a ampla participação da categoria e por votação online. A Diretoria não abdicará de defender essas conquistas, seja por via política seja por via judicial.