A crise na reposição de aulas e bolsas de monitoria na UFSC

Por Raphael Falcão Da Hora*

É impressionante a situação que estamos vivendo na UFSC. Assim como eu, muitos professores participaram da greve e não deram aulas durante os 17 dias da greve dos docentes da UFSC, iniciada em 7 de maio e encerrada em 24 de maio, após votação online entre filiados e filiadas da Apufsc-Sindical. A lei nº 7.783/89 é bem clara e informa que os professores que aderiram à greve e deixaram de ministrar aulas deverão, após o retorno ao trabalho, repor as aulas. Todos sabem que não é tão simples repor os dias de aula perdidos, pois os horários de reposição devem ser agendados de forma que todos os estudantes matriculados nas turmas estejam disponíveis. Esse problema é especialmente complicado para professores que lecionam para turmas com muitos estudantes matriculados, como as turmas de disciplinas de Matemática, que possuem mais de cinco mil matrículas nas turmas de mais de trinta cursos de graduação do CTC, CFM, CCA, CSE, CFH, CCB e CCE.

Considerando essas restrições, a única solução para que o professor possa lecionar o conteúdo e cumprir a carga horária da disciplina é que o calendário acadêmico seja estendido. Essa solução sempre foi adotada em greves anteriores. Estranhamente, o semestre irá terminar neste sábado, 13 de julho, e ainda não temos nenhuma definição sobre o calendário acadêmico por parte do Conselho Universitário. Muitos professores estão preocupados em não poder dar aula a partir da próxima semana, pois a extensão do calendário ainda não foi aprovada e qualquer aula em dia que não seja letivo é irregular. Eis mais um problema de falta de organização básica na gestão de qualquer instituição de ensino. Alguns estudantes estão assediando professores do Departamento de Matemática, informando que os professores não podem lecionar depois do dia 13 de julho, pois no momento não há definição sobre a extensão do calendário acadêmico do primeiro semestre de 2024. O pior de tudo é que eles estão corretos.

Para completar, a PROGRAD surpreende a todos publicando um ofício informando que a data final dos contratos da monitoria não será alterada no Moni, pois não haverá extensão das bolsas de monitoria. A Resolução 189/CUn/2024 é bem clara quando informa que os pagamentos das bolsas de monitoria, de extensão e de estágio serão garantidos e as atividades de monitoria e de estágio deverão se adequar ao calendário de reposição posteriormente aprovado pelo Conselho Universitário.

A reitoria deu apoio à Resolução 189/CUn/2024, que trata da paralisação estudantil, mas agora abandona os estudantes que participaram da paralisação, deixando de oferecer o apoio de monitoria. É sempre bom lembrar que o atendimento de monitoria é importantíssimo no processo de aprendizagem dos estudantes, especialmente em disciplinas com altíssimos índices de reprovação como as de Matemática. Além disso, os estudantes que participaram da paralisação estudantil estão em situação bem mais desfavorecida do que os que não participaram e precisarão de muito mais apoio. É evidente que a extensão dos contratos de monitoria pode ter um impacto financeiro, que não está claro, pois os monitores só recebem bolsa durante o período de aulas, mas é importante notar que a UFSC está oferecendo bolsas de R$1.000,00 mensais para professores aposentados atuarem como mentores. Será que realmente não temos recursos para pagar por mais algumas poucas semanas de bolsas de monitoria? Para conhecimento, atualmente, o valor da bolsa de monitoria é de R$604,80. 

Mais informações sobre o programa de monitoria em Matemática em: https://monitoriamtm.ufsc.br/ 

Mais informações sobre o programa de monitoria da UFSC em: https://monitoria.ufsc.br/ 

Mais informações sobre o Edital 9/2024/NETI-UNAPI/PROEX em: https://proex.ufsc.br/2024/06/28/edital-92024neti-unapiproex/

*Raphael Falcão da Hora é professor do Departamento de Matemática da UFSC