Programas estão sem reajuste desde 2013 e não cobrem despesas básicas de brasileiros, segundo o Globo
O doutorando em astrofísica Édypo Melo, de 34 anos, conta viver uma situação de penúria desde que chegou na Califórnia, nos Estados Unidos, há um mês, para dar início ao tão sonhado doutorado sanduíche junto à equipe da Nasa. O motivo é que as bolsas pagas pela Capes não são reajustadas desde 2013, prejudicando a qualidade de vida dos estudantes no exterior. Segundo o cientista, o racionamento de comida é a principal forma de economia: ele almoça salsicha todos os dias e planeja até vender plasma do sangue (permitido no país) para conseguir arcar com todas as despesas, incluindo as que deixou no Brasil.
O programa oferecido tanto pela Capes quanto pelo CNPq prevê um estágio temporário de seis meses no exterior para doutorandos, mas, diferentemente de outras bolsas, não teve reajuste em 2023. Cada estudante recebe US$ 1.300 mensais (cerca de R$ 7.179), e quando a pesquisa acontece em cidades consideradas de alto custo o valor é acrescido em US$ 400 — atingindo aproximadamente R$ 9.388.
Em 10 anos, pela correção inflacionária, a bolsa de US$ 1,3 mil deveria ter sido reajustada, em dólar, para, no mínimo, US$ 1.754, que pela cotação brasileira atual é cerca de R$ 9.686. Já nas cidades de alto custo, o valor inflacionado deveria ser de R$ 12.666 e, ainda assim, não conseguiria suprir os gastos de alguns estudantes.
Em nota, a Capes e o CNPq informaram que “dificuldades orçamentárias ainda impedem a imediata correção” do valor das bolsas, “mas estudos para a suplementação dos recursos estão sendo realizados para que essa medida seja tomada o mais rápido possível”.
Leia na íntegra: O Globo