Desigualdade, história e política são fatores para altas taxas de analfabetismo no Brasil, defende especialista

Professor analisa o ensino brasileiro no recorte atual e histórico

A taxa de analfabetismo na região Nordeste é o dobro da média do Brasil, e a Bahia mantém maior número de não alfabetizados, segundo um levantamento feito a partir de dados do Censo Demográfico do IBGE de 2022. São cerca de 1,420 milhão de pessoas acima de 15 anos que não sabem ler nem escrever no estado, representando 12,6% da população. No Brasil como um todo, são 9,3 milhões de analfabetos, representando 7% do recorte.

O professor Emerson de Pietri, da Faculdade de Educação da USP, indica por onde a discussão deve começar: “Vivemos num país em que a desigualdade econômica é um traço constitutivo”. Ele complementa: “Essa realidade de desafios que nós enfrentamos historicamente se reflete necessariamente nos processos educacionais”.

Desigualdade social

O professor explica que não é nada coincidental que a menor taxa de alfabetização esteja no Nordeste, região cujo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é 0,659, frente à média brasileira de 0,758. Já o PIB per capita da região é de R$ 21.500,00, metade da média nacional. “Quando pensamos nos processos de escolarização, principalmente de alfabetização, nunca pode-se desconsiderar as condições principalmente econômicas que estão envolvidas nesse processo”, diz Pietri.

“Quando consideramos que os Estados do Nordeste enfrentam maiores desafios historicamente para se desenvolver do ponto de vista econômico, compreendemos também porque os processos de escolarização nessas regiões demoram um tanto mais para se realizarem e se consolidarem de maneira mais satisfatória”, acrescenta ele.

Leia na íntegra: Jornal da USP