Especialistas se dizem exaustos diante de tragédias e pedem novas abordagens contra inação
Ao ver as primeiras imagens das enchentes no Rio Grande do Sul, no começo do mês, a bióloga Erika Berenguer, pesquisadora da Universidade de Oxford e referência nos estudos sobre impactos do fogo nas florestas tropicais, voltou a ter problemas digestivos.
Em regressão até aquele momento, o quadro de gastroparesia – mais conhecido como síndrome de atraso no esvaziamento gástrico – piorou. Ela passou a ter dores, inchaço no corpo e dificuldades para se alimentar.
Sem ter nenhum dos principais fatores de risco para a doença, o distúrbio foi atribuído pela equipe médica à exposição elevada ao estresse. Erika conta que, desde 2015, ano em que o El Niño contribuiu para incêndios devastadores na Amazônia, vem enfrentando episódios de ansiedade e outras manifestações físicas relacionadas à situação da floresta e às mudanças climáticas. “Ainda é bem difícil de falar sobre isso”, afirma.
Em um cenário de intensificação de eventos climáticos extremos, recordes de emissões de gases-estufa e calor sem precedentes, com 2023 sendo oficialmente declarado o ano mais quente da história da humanidade, situações como a de Erika Berenguer têm sido cada vez mais relatadas por cientistas envolvidos com as questões ambientais e de mudanças climáticas.
Um levantamento feito pelo jornal britânico The Guardian revelou recentemente que, em todo o mundo, muitos dos principais pesquisadores da área climática se sentem desesperados, enfurecidos e, em muitos casos, emocionalmente afetados pelo claro fracasso nas ações contra o aquecimento global.
Leia na íntegra: Folha