UFSC e o problema do clima: Reflexões sobre a catástrofe no RS e os possíveis efeitos em SC

*Por Reinaldo Haas

Resumo

Este texto é uma solicitação urgente para que a universidade se engaje nas questões das mudanças climáticas. Proponho uma transformação na UFSC que a habilite a ser um instituto de referência no assunto, com uma abordagem colaborativa e multidisciplinar. Eu tinha recebido um convite do presidente da APUFSC para escrever o artigo, mas hesitei em publicá-lo por receio de criar polêmicas desnecessária. No entanto, após as inundações que afetaram o sul do país, decidi que deveria expor a minha visão crítica e estimular um debate sobre o papel da UFSC frente aos desafios climáticos.

  1. Introdução

A UFSC é uma universidade de prestígio no Brasil, com diversos cursos de graduação e pós-graduação em várias áreas. Ela conseguiu essa excelência com uma estrutura organizacional por departamentos, cada um com uma área do conhecimento. Essa estrutura da UFSC favorece a cooperação entre seus departamentos, em vez de separá-los por institutos. 

  1. Contexto

As mudanças climáticas estão deixando marcas visíveis na paisagem de Santa Catarina, que remetem a eventos trágicos do passado (o qual é descritos na legenda da figura 1). Uma dessas marcas são as erosões causadas pelo granizo nas montanhas, chamadas de trombas. Elas eram frequentes na época da Pequena Era do Gelo, quando o clima era mais frio e instável. Agora, elas estão voltando a acontecer por causa do aquecimento global, que torna as tempestades mais poderosas e com mais granizo. Essas trombas podem ser observadas em uma pintura histórica que retrata a Lestada de 1838, um dos maiores desastres naturais da história do Brasil1.

Figura 1 – Pintura de Nossa Senhora das Necessidades e Santo Antônio (1840). Autoria desconhecida. A pintura retrata a ilha de Santa Catarina totalmente desmatada após a Lestada de 1838. Esse evento, que caiu no esquecimento com o passar do tempo, pode ter sido o mais fatal do Brasil até hoje, com cerca de 500 mortes (10% da população da época). Esses fenômenos intensos eram muito frequentes nos séculos 14 a 19 (Pequena Era do Gelo) e parece que devem voltar a se repetir, mas dessa vez por causa das mudanças climáticas, que mantêm o calor na superfície e deixam a alta troposfera mais fria. À direita, percebe-se várias erosões do tipo tromba2.

Na verdade, o cenário mudou desde a escrita original deste artigo, após a publicação do artigo “Global warming in the pipeline” de James Hansen e seus colaboradores em 2023. Esse artigo mostrou que o aquecimento global já é inevitável, mesmo que as emissões de gases de efeito estufa sejam reduzidas drasticamente. Isso se deve ao fato de que há um atraso entre as emissões e seus efeitos no clima, devido à inércia dos oceanos e da atmosfera. Após o fim do prazo para evitar as mudanças climáticas na década de 1970, a única maneira de assegurar um clima mais estável é capturar carbono ao mesmo tempo que reduzir as emissões.

Esse achado altera totalmente a visão sobre o aquecimento global e aumenta ainda mais a urgência de agir. A meta de manter o aumento da temperatura média global em 1,5°C até 2100 já era inviável há muito tempo, e ficou ainda mais distante à medida que as emissões aumentaram e os compromissos dos países foram insuficientes. Agora sabemos que mesmo se parássemos de emitir hoje, ainda haveria um aquecimento adicional de pelo menos 0,8°C nos próximos anos, o que teria consequências desastrosas para o planeta.

Os autores explicam que troca de combustível dos navios por motivos regulatórios e econômicos e a queda dos voos na pandemia de COVID reduziram o escurecimento global, o que causou o aquecimento excessivo do Atlântico. Isso tem alterado o clima na América do Sul, principalmente no Brasil. O oceano mais quente gera mais evaporação, mais nuvens e mais chuvas, mas também altera os padrões de circulação atmosférica, favorecendo eventos extremos. Neste verão, os desastres naturais atingiram todas as regiões e estados do Brasil, levando a mortes, danos e dor para milhões de pessoas.

Este artigo revela que a situação é crítica, mas o Rio Grande do Sul já enfrenta o que deve acontecer em Santa Catarina. Um aspecto importante é que o Vale do Itajaí, onde ficam grandes cidades de Santa Catarina, tem um relevo mais acentuado e profundo do que no Rio Grande do Sul, o que significa que uma enchente do mesmo nível será muito mais destrutiva. A possibilidade assustadora de que porções dessas cidades possam desaparecer em breve me impulsiona e deveria engajar todos antes que não haja mais tempo.

Diante disso, é importante conhecer qual o pior cenário para Santa Catarina em 2100, que seria aquele em que as florestas tropicais se extinguem totalmente e a região se transforma em uma savana seca e quente. Esse processo já está em curso, devido ao desmatamento, às queimadas e à redução das chuvas mais fracas e aumento das chuvas mais fortes e localizadas. Se continuarmos nesse ritmo, perderemos a biodiversidade, os serviços ecossistêmicos e a qualidade de vida da população. Com o fim das florestas, o clima ficaria muito mais extremo e instável. As temperaturas médias poderiam subir até 6°C, tornando o estado insuportavelmente quente e seco na maior parte do ano. As ondas de calor seriam frequentes e mortais, podendo ultrapassar os 50°C em algumas cidades. A umidade relativa do ar ficaria abaixo dos 10%, aumentando os riscos de incêndios, doenças respiratórias e desidratação.

Mas isso não significa que não haveria mais chuva. Pelo contrário, as chuvas seriam mais intensas e concentradas e com muito mais granizo, causando mais enchentes, deslizamentos e erosão. O aumento do nível do mar também traria problemas para as áreas costeiras, como a salinização dos solos e dos lençóis freáticos, a destruição de manguezais e restingas, e a invasão de água nas cidades. Além disso, as tempestades tropicais (furacões) seriam mais frequentes e violentas, trazendo ventos extremamente fortes e novos desafios em termos de segurança da cidade.

Esse cenário catastrófico afetaria profundamente a economia, a sociedade e a cultura de Santa Catarina. A agricultura, a pecuária, a pesca e o turismo seriam severamente prejudicados, gerando perda de renda, emprego e segurança alimentar. A saúde, a educação, a infraestrutura e os serviços públicos também sofreriam com a falta de recursos, a demanda crescente e as condições adversas. A violência, a pobreza, a migração e os conflitos sociais aumentariam, comprometendo a coesão e a identidade do estado.

Esse é o pior cenário possível, mas ainda podemos evitá-lo se agirmos agora. Precisamos reduzir as emissões de gases de efeito estufa e sequestrar carbono em grande escala, proteger e recuperar as florestas, adaptar-nos aos impactos das mudanças climáticas e conscientizar a população sobre a gravidade do problema. Só assim poderemos garantir um futuro mais sustentável e resiliente para Santa Catarina e a própria existência de UFSC.

Retomando a questão do Instituto de Mudanças Climáticas da UFSC, é importante ressaltar que a criação de grupos de trabalho para discutir e desenvolver estratégias para lidar com as mudanças climáticas é muito favorável. No entanto, a forma como a Reitoria da UFSC apresentou a proposta demonstrou que esses debates não foram suficientemente maduros e profundos. Em primeiro lugar, o modo de dividir as áreas de trabalho em campos disciplinares não é compatível com a prática global, que aborda o assunto de forma interdisciplinar. Além disso, o termo Instituto não me pareceu adequado para a estrutura departamental. Mas esse não é o único problema…

Uma alternativa mais interessante seria seguir o exemplo de muitas universidades no mundo e no Brasil que estão criando centros de pesquisa dedicados a questões complexas e interdisciplinares, como as mudanças climáticas. Esses centros reúnem pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, com uma visão holística e colaborativa, para desenvolver soluções inovadoras e integradas. A tabela abaixo mostra algumas dessas iniciativas:

UniversidadeCentro de pesquisaÁreas de pesquisa
Massachusetts Institute of Technology (MIT)Joint Program on the Science and Policy of Global Change3Modelagem integrada do sistema terrestre, avaliação dos impactos e riscos das mudanças climáticas, e análise de políticas e alternativas de mitigação e adaptação.
Universidade de ColumbiaEarth Institut4Ciências da terra, biologia, engenharia, direito, saúde pública, economia.
Universidade de CambridgeCambridge Zero5Ciências físicas, biologia, engenharia, direito, economia, políticas públicas.
University of OxfordOxford Martin School Programme on Climate Change6,,Pesquisa interdisciplinar sobre as causas, consequências e soluções para as mudanças climáticas, envolvendo ciências naturais, sociais, econômicas, jurídicas e políticas.
Harvard UniversityHarvard Center for the Environment7Fomento à cooperação entre pesquisadores de diferentes campos do conhecimento, organização de eventos acadêmicos e públicos, apoio a projetos educacionais e de divulgação sobre o meio ambiente.
Sorbonne UniversitéInstitut du Développement Durable et des Relations Internationales (IDDRI)8Produção e difusão de conhecimento sobre os desafios do desenvolvimento sustentável e da governança global, com foco em temas como clima, energia, biodiversidade, oceanos, agricultura, saúde e mobilidade.
Universidade Federal do Rio Grande do SulCentro de Estudos e Pesquisas em Desastres9Gestão integrada de riscos e desastres; prevenção e redução de vulnerabilidades; respostas e recuperação pós-desastre; comunicação e educação para a resiliência.
Universidade Federal de Minas GeraisCentro de Desenvolvimento e Planejamento Regional10Desenvolvimento regional sustentável; planejamento territorial e urbano; gestão de recursos naturais e energéticos; políticas públicas e desenvolvimento humano.

Além disso, nessas experiências pesquisadas, viu-se que a questão climática é um aspecto importante, mas é necessário focar mais na sustentabilidade como a garantia de condições de vida para as gerações atuais e futuras. Além disso, o aquecimento global deve ser considerado como um dos limites da sustentabilidade dentro dos limites planetários11.

  1. Desafios

Para analisar as experiências de instituições interdisciplinares no Brasil, elaboramos uma tabela que compara o INCT-MC com outros três casos na UFSC: o PPGDN, o CEPED e o PPGICH. A tabela apresenta uma breve descrição de cada instituição, bem como os principais desafios que elas enfrentaram ou enfrentam para realizar uma pesquisa interdisciplinar efetiva. A tabela visa fornecer um panorama geral das iniciativas interdisciplinares no Brasil e apontar possíveis lições e recomendações para o futuro.

InstituiçãoDescriçãoDesafios
INCT-MCRede de pesquisa interdisciplinar com 27 grupos de pesquisa em diversas áreasDificuldades de financiamento e falta de experiência em trabalho interdisciplinar
UFSC – PPGDNIniciativa interdisciplinar que fracassou por falta de boa implementação e gestãoDependência do Departamento de Geociências e falta de bolsas para estudantes
UFSC – CEPEDCentro universitário de ensino e pesquisa sobre desastres que se tornou um grupo de pesquisa do Departamento de Engenharia CivilFalta de interdisciplinaridade
UFSC – PPGICHPrograma que pretendia ser interdisciplinar, mas teve que mudar seu escopoProblemas na CAPES e na UFSC e rigidez departamental

A proposta UFSC Zero é uma iniciativa ambiciosa e relevante para enfrentar os desafios da sustentabilidade no contexto das mudanças climáticas. No entanto, para que ela possa ser bem-sucedida, é preciso superar os obstáculos que dificultam a interdisciplinaridade na universidade. Aprender a trabalhar de forma colaborativa e transversal, respeitando as diferentes perspectivas e saberes, é um dos principais desafios. Além disso, é necessário ter um claro regulamento que não desestimule nem impeça a atuação interdisciplinar no âmbito departamental. Somente assim será possível criar uma cultura de sustentabilidade na UFSC e contribuir para a solução dos problemas socioambientais que afetam o planeta.

  1. Implementação

Desta forma, observando o que tem sido feito no Brasil e no mundo, verifica-se que, além de uma abordagem interdisciplinar, seria importante trocar Mudanças Climáticas e adotar uma abordagem mais ampla da sustentabilidade, como a adotada pelo Cambridge Zero e pelo “Earth Institut”. Proponho o nome UFSC Zero, uma iniciativa transversal que utilize nossas expertises para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, mas que crie um sentimento de necessidade de sustentabilidade. Isto ajudaria a integrar e adequar ao tema as centenas de outras iniciativas já existentes na UFSC.

No entanto, é importante abordar os desafios com um planejamento adequado e uma boa implementação. É necessário evitar erros do passado para que a iniciativa da UFSC-Zero possa ser efetiva em alcançar seus objetivos. A liderança compartilhada e rotativa pode ser uma forma eficaz de garantir que todos os membros tenham voz e contribuam para a discussão, sem hierarquizar a abordagem do tema. Por fim a questão da rigidez departamental tem deixado a questão da interdisciplinaridade a cargo de departamentos.   Esta rigidez, por exemplo, faz com que professores não possam contar suas atividades de pós-graduação quando atuam onde não são lotados. É necessário que haja apoio institucional e financeiro para a criação e manutenção desta iniciativa, além de uma visão compartilhada entre os envolvidos sobre os objetivos e as estratégias de trabalho. Uma forma de promover a sustentabilidade na UFSC é incorporá-la em todos os cursos e mudar seu lema para “Ars et Scientia pro Natura” (Arte e Ciência pela Natureza), mostrando seu compromisso com a solução de problemas ambientais. Na tabela abaixo são sistematizados desafios e novas abordagem para a implementação da UFSC-zero. 

Para a falta de dinheiro propõe-se que a UFSC utilize o seu próprio orçamento para apoiar projetos de pesquisa e extensão que vão na direção de tornar o Campus de UFSC sustentável. Cito como exemplo o uso de painéis solares no topo dos edifícios; fazer um saneamento descentralizado e independente; usar nosso restaurante universitário para apoiar a agricultura urbana; apoiar o uso de bicicletas com oficinas de concerto das mesma e bicicletários abrigados e vigiados. Esses são alguns exemplos concretos do que pode ser feito. Mas o problema da sustentabilidade é tão desafiador que vamos precisar de todo mundo desde a psicologia até a contabilidade.

Além disso, há o problema dos desastres naturais cada vez mais frequentes. A UFSC tem muita experiência em apoiar as comunidades afetadas por desastres naturais. Como fez em 1974, 1983 e 1982, 1995 e 2008. Em 1983 no vale do Itajaí, a UFSC suspendeu as aulas por um mês e nossos alunos contribuíram na prevenção de doenças e na recuperação da região. Isso foi louvável no passado e será mais relevante no futuro.

Qual o impacto dessas mudanças na prática de sala de aula da UFSC? Como tornar nossos alunos agentes de mudança? Essas são questões cruciais para o sucesso da iniciativa UFSC-Zero e para a formação de cidadãos conscientes e responsáveis pelo futuro do planeta. Para isso, é necessário que a sustentabilidade seja integrada no currículo escolar de todos os cursos da UFSC, não apenas como um tema transversal, mas como um eixo orientador das disciplinas e atividades acadêmicas. Isso significa que os professores devem incorporar os princípios e as práticas da sustentabilidade em seus planos de ensino, em suas metodologias e avaliações, e em seus projetos de pesquisa e extensão. 

Além disso, os alunos devem ser estimulados a participar de iniciativas que promovam a sustentabilidade no campus e na comunidade, como por exemplo, os grupos de estudo, os coletivos ambientais, as feiras agroecológicas, as campanhas de educação ambiental, as ações de reciclagem e compostagem, entre outras. Dessa forma, os alunos podem desenvolver competências e habilidades relacionadas à sustentabilidade, tais como: pensamento crítico, criatividade, cooperação, liderança, empreendedorismo, resolução de problemas, tomada de decisão, comunicação, ética, cidadania, etc.

Para tornar nossos alunos agentes de mudança, também é preciso que eles tenham acesso a informações confiáveis e atualizadas sobre a situação ambiental global e local, bem como sobre as possíveis soluções e alternativas para enfrentar os desafios da sustentabilidade e das mudanças climáticas. Nesse sentido, é importante que a UFSC disponibilize recursos didáticos e pedagógicos adequados, como livros, artigos, filmes, documentários, podcasts, jogos, aplicativos etc., que abordem esses temas de forma lúdica, interativa e contextualizada. Além disso, é fundamental que a UFSC promova o diálogo e a troca de conhecimentos entre os diferentes atores envolvidos na questão da sustentabilidade, como professores, alunos, técnicos, gestores, pesquisadores, comunidades, organizações sociais, movimentos populares, poder público, empresas etc. Essa interação pode ocorrer por meio de seminários, palestras, debates, oficinas, cursos, visitas técnicas, intercâmbios, parcerias etc., que permitam a construção coletiva e participativa de saberes e fazeres sustentáveis.

  1. Conclusão

Em suma, na prática de sala de aula da UFSC, as mudanças necessárias para a iniciativa UFSC-Zero envolvem uma transformação curricular, pedagógica e institucional, que coloque a sustentabilidade como um valor e um objetivo educativo, e que forme alunos capazes de compreender e atuar sobre a realidade socioambiental de forma crítica, criativa e colaborativa. Um exemplo de como a UFSC pode colocar os alunos como agentes de mudança é o que ocorreu nas tragédias catarinenses de 1983, quando a universidade mobilizou seus recursos humanos, materiais e financeiros para ajudar as comunidades atingidas pelas enchentes e deslizamentos. Na ocasião, alunos de diversos cursos participaram de atividades de assistência social, saúde, engenharia, comunicação, educação, direito, psicologia, geografia, entre outras, que demonstraram o compromisso da UFSC com a responsabilidade social e ambiental. No entanto, a mudança para a sustentabilidade não se restringe a situações emergenciais, mas exige uma atuação permanente e integrada de todos os cursos e disciplinas da UFSC. Por isso, é necessário que a UFSC incorpore em seu projeto pedagógico a transversalidade da educação ambiental, que articule os conhecimentos científicos, éticos, estéticos, culturais e políticos relacionados à sustentabilidade, e que promova a interdisciplinaridade, a contextualização e a problematização dos conteúdos curriculares.  Para isso, é preciso que a UFSC ofereça as condições e os incentivos necessários para que os professores, servidores e os alunos possam desenvolver projetos e ações que contribuam para a sustentabilidade no campus e na sociedade. 

(*) O autor deste texto, além de ser um professor da UFSC, é também um pesquisador e ativista em temas relacionados à sustentabilidade e às mudanças climáticas. Ele tem desenvolvido projetos que visam mitigar os impactos das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, por meio do uso de biochar (carvão vegetal ativado) no solo e uso desse carvão ativado para absorver os efluentes domésticos. Esse material, quando incorporado ao solo, aumenta a sua fertilidade, retenção de água e sequestro de carbono, além de reduzir as emissões de metano e óxido nitroso. O biochar é inspirado na prática indígena da terra preta de índio, que consiste em solos enriquecidos com carvão, cerâmica e matéria orgânica, encontrados na Amazônia e em outras regiões do Brasil. 

O autor acredita que, ao difundir essa técnica entre os agricultores, os estudantes e a sociedade em geral, ele está contribuindo para a construção de um modelo de desenvolvimento mais sustentável e resiliente. Por isso, ele se declara otimista diante dos desafios ambientais do século XXI.

“O Brasil tem um potencial enorme de se tornar uma liderança mundial na mitigação das mudanças climáticas, pois possui baixas emissões e uma biodiversidade e um solo capazes de absorver grandes quantidades de carbono, se usarmos técnicas como o biochar e a conservação da floresta”

  1. HAAS, Reinaldo; RAMOS DA SILVA, Renato, À Espera da Próxima Terrível Lestada, in: , Santa Maria: [s.n.], 2023. ↩︎
  2.  DA ROSA, J.V., Chorographia de Santa Catharina, [s.l.]: Typ. da Livraria moderna, P. Simone, 1905. ↩︎
  3.  Jacoby, H., Prinn, R. (0) Joint Program on the Science and Policy of Global Change Induced Technical Change and the Cost of Climate Policy ↩︎
  4. (2015) Auroville Earth Institute’s November Newsletter ↩︎
  5. Scott, N., Fitzgerald, S., Keshav, S. (2021) Cambridge Zero Policy Forum Discussion Paper: Carbon Offsetting and Nature-based Solutions to Climate Change ↩︎
  6. Stump, D., Sykes, N., Best, J., Foster, A., Larson, G., Lebrasseur, O., Maltby, M., , , , , Thomas, R. (2018) Lessons from the Past : Archaeology , Anthropology and the Future of Food Preliminary Programme 09 : 30 – 10 : 00 Registration and Refreshments
    ↩︎
  7. Shores, M. (2015) Melek Ortabasi: The Undiscovered Country: Text, Translation, and Modernity in the Work of Yanagita Kunio . (Harvard East Asian Monographs.) xiv, 329 pp. Cambridge, MA: Harvard University Asia Center, 2014. £36.95. ISBN 978 0 67449 200 4. Bulletin of the School of Oriental and African Studies 78, 662-664
    ↩︎
  8. Colombier, M. (2003) L’« Institut du développement durable et des relations internationales » (Iddri) : Présentation Natures Sciences Sociétés 11, 92-95  ↩︎
  9. Mércio, T., Z. (2013) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM AGRONEGÓCIOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONEGÓCIOS ↩︎
  10. Oliveira, T., Suprinyak, C., E., Reitor, J., A., R., Goulart, S., Vice-reitora, A., Diretor, C., M., T., Rangel, J., I., Cunha, M., G., D., Rodríguez, L., Domingues, É., Magalhães, A., Sette, S., B., Vieira, T., Su, C., E. (2016) UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS CENTRO DE DESENVOLVIMENTO E PLANEJAMENTO REGIONAL LIONEL ROBBINS’ FIRST-STEP INDIVIDUALISM AND THE PREHISTORY OF MICRO- FOUNDATIONS ↩︎
  11. Ana, M., F., S., Ana, R., D., C., S., D., F., S., Amaral, E., G., Nogueira, P. (2021) SUSTENTABILIDADE, LIMITES PLANETÁRIOS E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação ↩︎

*Reinaldo Haas é professor do Departamento de Física da UFSC