*Por Carlos Alberto Marques
Ao divulgar nos meios oficiais de comunicação da UFSC que a greve docente continua, a Reitoria, além de cometer um ato que julgo ilegal, promove informação falsa. Aceita oficialmente que o autointitulado Comando Local de Greve represente legalmente a categoria e, como consequência desse seu ato, a Reitoria induz os mais de 38 mil alunos matriculados a não comparecerem às aulas e, do mesmo modo, “abona” a falta ao trabalho dos quase 3 mil professores/as da UFSC, os expondo ao risco perante a administração pública federal.
Pela legislação sindical, a Apufsc é a única representante da categoria. A Apufsc oficiou a Reitoria quando da deflagração da greve e da sua finalização, isso serve, entre outros, para proteger os trabalhadores e os gestores da instituição. Esse resultado da votação, com o aceite da proposta do governo e o fim da greve é de conhecimento público, inclusive do Ministério de Gestão e Inovação, que inclusive motivou a assinatura do acordo com o governo federal.
Portanto, perante o Estado brasileiro, suas instituições e dirigentes, a greve legalmente acabou. Ao reitor da UFSC cabe agir em consequência, não lhe cabe tomar partido em eventuais conflitos sindicais. Não pode confundir os papeis de professor com o de gestor público.
É profundamente lamentável que a UFSC esteja vivendo momentos tão tristes. O ambiente político dentro da universidade se deteriora a cada dia, atualmente parece que uma histeria coletiva toma conta dos campi.
Há pouco dias, tivemos a triste notícia da desfeita ao ex-Reitor Rodolfo Pinto da Luz, em uma condução totalmente errática da presidência do Conselho Universitário, que resultou em uma inexplicável injustiça. E, agora, nos deparamos com a reitoria sendo complacente com uma greve ilegal na universidade. Onde iremos parar?
Ainda há tempo para corrigir esses erros. A UFSC tem história de compromissos com os interesses da sociedade e com a ciência. Temos o dever de dar bom exemplo.
*Carlos Alberto Marques é professor CED/UFSC, ex-presidente da Apufsc-Sindical e diretor do Proifes-Federação