Ricardo Galvão deu detalhes sobre novos editais e as negociações políticas para o aumento de bolsas
O presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ricardo Galvão, participou de uma reunião com a diretoria e o conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Secretarias Regionais e representantes de sociedades científicas afiliadas para trazer um balanço das ações do órgão de fomento durante o último ano.
Na conversa, realizada na última quarta-feira, dia 15, Galvão deu mais detalhes sobre o Programa de Repatriação de Talentos, que mobilizou questões por parte da comunidade científica. “Esse programa foi lançado no momento das greves universitárias, o que gerou um desconforto totalmente compreensível”, afirmou.
Segundo o presidente do CNPq, o Programa de Repatriação de Talentos é uma iniciativa direta do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e foi aprovada pelo conselho administrativo do órgão. Os seus recursos, provenientes diretamente do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), têm limitações de destinação e não podem ser usados, por exemplo, para o pagamento de salários de professores – uma pauta que foi defendida por conta do cenário de greve.
Galvão detalhou que o programa atua em três frentes: a primeira é a mais explícita, que é atrair pesquisadores do exterior. Já a segunda frente é para ampliar as redes de colaboração internacional, que receberá o montante de R$ 200 milhões. E a terceira frente, que busca atrair doutores às indústrias brasileiras, terá uma destinação de R$ 500 milhões. Ao todo, será investido R$ 1 bilhão no programa pelos próximos cinco anos.
“Muito se fala que os pesquisadores estão em boa posição no exterior, mas isso não é verdade, não é uma realidade de todos. Inclusive, os pesquisadores que estão bem ancorados lá fora não retornarão”, detalhou.
Outro tema bastante questionado pela comunidade científica foi sobre o aumento nos valores das bolsas de mestrado e doutorado. Galvão detalhou que esse tema depende bastante de negociações políticas, pois os ajustes precisam também ser alinhados entre o CNPq e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
“O CNPq não pode dar aumentos que a Capes não conseguirá corresponder, e a Capes oferece muito mais bolsas que nós. Por exemplo, já fizemos propostas de aumento que o Ministério da Educação, pasta que gerencia a Capes, barrou. É uma questão que envolve muitos orçamentos e que está sempre em debate.”
Em estudos, o CNPq tem visualizado a possibilidade de um novo aumento nos valores em 10%, mas o tema segue em análise. “Outra questão é sobre a uniformização do valor da bolsa no País inteiro – e isso é errado, porque o custo de vida varia de um Estado para outro. Estamos nos articulando com as FAPs (Fundações de Amparo à Pesquisa) para que elas consigam oferecer um suplemento no valor das bolsas”, complementou.
Leia na íntegra: Jornal da Ciência