Aula “Cinema feito de Quase Nada” será realizada no auditório do Centro Socioeconômico nesta quarta-feira, dia 24
O curso de Graduação em Cinema da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) promove a aula “Cinema feito de Quase Nada” com o cineasta brasileiro João Moreira Salles, sobre a obra de Eduardo Coutinho, nesta quarta-feira, dia 24, das 15h às 18h, no auditório do Centro Socioeconômico (CSE), em Florianópolis.
Ao final do encontro, será exibido o curta documental “Máquinas de Lazer”, Trabalho de Conclusão de Curso de Ítalo Zaccaron, e será promovido debate sobre as conexões entre a aula do cineasta e a obra do formando do curso de Cinema da UFSC.
“Se Eduardo Coutinho ainda estivesse por aqui, que filmes estaria dirigindo? Convivi com Coutinho por mais de 20 anos e sobre ele só tinha três certezas: que, marcado um encontro, ele não se atrasaria; que ele chegaria fumando; e que viria com uma bolsa a tiracolo. Qualquer outra previsão seria mais ou menos como apostar nos cavalos (ele gostava das corridas no Jóquei, achava aquilo bonito). Embora tenha sido o produtor de vários filmes dele, só retrospectivamente fui capaz de intuir o fio que unia o documentário seguinte ao anterior. Por que ‘Jogo de cena’ (2007) depois de ‘O fim e o princípio’ (2005)? Como, de ‘Moscou’ (2009) se chega a ‘As canções’ (2011)?”, reflete João Moreira Salles.
João Moreira Salles, dirigiu, como documentarista, os filmes “Notícias de uma guerra particular” (1999, em parceria com Kátia Lund), “Nelson Freire” (2003), “Entreatos” (2004), “Santiago” (2006) e “No Intenso Agora” (2017). Ele assinou a produção de vários filmes de Eduardo Coutinho, entre eles “Edifício Master” (2002), “Peões” (2002) e “Jogo de Cena” (2007).
Em parceria com Jordana Berg, João também finalizou a obra que Coutinho realizava quando faleceu, em fevereiro de 2014, “Últimas conversas” (2015). Nesse filme, uma sequência de entrevistas com adolescentes, Coutinho, ele mesmo, dinamita a ponte que conecta jovens e velhos ao introduzir as regras do jogo da cena que começava para uma de suas entrevistadas: “Vou te fazer várias perguntas normais sobre a vida, e você pode responder com verdades ou mentira, dá na mesma. Eu já não sei se a verdade existe. Vocês, jovens, são complicados porque estão vivendo, mas, no entanto, não têm recordações. Não perderam ninguém, não amaram ninguém. Então, só perguntarei coisas idiotas, como se fosse um marciano ou uma criança de quatro anos”.
Na aula, João falrá da trajetória, da obra e da personalidade desta figura tão singular do cinema brasileiro.
Fonte: Notícias UFSC