É uma falsa dicotomia opor o processo de mobilização dos/as professores/as à greve. A Diretoria da Apufsc-Sindical tem insistido em um princípio: nenhuma estratégia de luta deve ser descartada, sobretudo a greve, nosso mais notório mecanismo de negociação. Princípio reforçado na reunião do Conselho de Representantes, ocorrida no dia 8 de março de 2024.
Na última reunião da Mesa Nacional de Negociação Permanente, no fim de fevereiro, o governo anunciou uma nova rodada de negociações para abril porque no mês de maio ocorrerá, como é a regra parlamentar, a revisão da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). É nesse momento que o nosso reajuste pode ser enviado para o Congresso.
Será enviado? Não sabemos, por isso se chama negociação!
Portanto, temos defendido que até a realização dessa mesa de negociação de abril seria precipitada a deflagração de uma greve. Primeiro, porque uma greve geral do serviço público não acontecerá, na medida em que diversas categorias já negociaram seus reajustes específicos. Segundo, porque desde as negociações do ano passado já ficou claro que não haverá reajuste linear, como estratégia para diminuir as desigualdades no serviço público.
Haverá acordo? Não sabemos, por isso se chama negociação!
Com esse quadro realizamos os cafés de boas-vindas aos docentes. Visitamos os 11 centros de ensino do campus Trindade, o Colégio de Aplicação, o Núcleo de Educação Infantil (NDI), além dos campi de Curitibanos e Joinville e distribuímos um folheto de avaliação do processo negocial até o momento. Nessas visitas ficou evidente que a insatisfação com os salários é generalizada, mas também a insatisfação com as condições gerais de trabalho. Em todos os locais insistimos que o reajuste zero é agressão! E que o Proifes-Federação está empenhado em todo o esforço de negociação.
Nossa estratégia de mobilização é estender as visitas (com conversas e esclarecimentos) a todos os centros, se possível, alcançando todos os departamentos, conversando com o maior número de professores, para que, se chegarmos à greve, ela seja a mais representativa, forte, organizada e exequível.
Mas quando acontecerá a greve? Em nossa opinião, não antes do resultado das mesas de negociação de abril.
Nossa convicção é que não se faz greve por um ato de vontade. Não fazemos greve porque nos tratam mal (se assim fosse, os últimos seis anos teriam sido os mais grevistas de nossa história), nem porque nos pagam mal (ficamos sem aumento algum entre 2016 e 2023). Fazemos greve com o cérebro, não com o fígado. Com cálculo, planejamento, preparação e inteligência. Não fazemos greve para derrubar o capital, o ministro, ou governo. Fazemos greve por melhores condições de trabalho e vida.
Nossa certeza é que uma greve frágil é pior do que greve nenhuma, porque gera mais descontentamento, esfacelamento e cizânia. Por isso, a mobilização, a preparação e a visita aos centros devem preceder e preparar a entrada em greve, e não acontecer com a greve em andamento.
Como as negociações estão em curso, nossa tarefa política aqui e agora é: mobilização até que se encerrem as mesas nacionais de negociação de abril.
Afirmamos que a categoria é soberana sempre. Aos dirigentes cabe o papel de informar, avaliar, ponderar e conduzir o processo para resolver os problemas dos/as professores/as.