Uma reunião do Conselho de Unidade do CCE, na próxima semana, deve decidir sobre a paralisação no centro de ensino
Aconteceu na tarde desta quarta-feira, dia 20, uma assembleia unificada convocada pelo diretor do Centro de Comunicação e Expressão (CCE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Fábio Lopes, em que foram discutidas as atuais condições de infraestrutura do local. Segundo Fábio, os três pontos principais que afetam a unidade são os problemas na impermeabilização das coberturas, a situação dos banheiros e a falta de manutenção dos bebedouros e aparelhos de ar-condicionado. O auditório do Centro Socioeconômico (CSE), onde foi realizada a assembleia, ficou lotado de estudantes, docentes e técnicos-administrativos em educação (TAEs) que discutiram a possibilidade de paralisação das atividades da graduação no CCE até que as solicitações sejam solucionadas.
Foi unanime entre os presentes a opinião de que as condições do centro de ensino são precárias. No entanto, alguns docentes ressaltaram que a assembleia da tarde de quarta não tinha poder de deliberar sobre uma paralisação. Por isso, Lopes anunciou que convocará para a próxima semana uma reunião do Conselho de Unidade do CCE para que este discuta e decida sobre o assunto. O Conselho é formado pelos chefes de departamento, coordenadores dos cursos de graduação e pós-graduação e representantes de extensão, pesquisa, TAEs e corpo estudantil do CCE.
A situação do CCE
Entre os prédios do centro, Fábio Lopes afirmou que o bloco A, um dos mais antigos da universidade, é o que mais têm problemas estruturais. Ele destacou que, por falta de impermeabilização dos telhados do local, quando chove, a água escorre e “vai deteriorando tudo pelo caminho, tornando a manutenção mais cara”.
Lopes informou que recentemente a Administração Central concluiu a contratação do serviço de impermeabilização. Segundo ele, uma equipe iniciou os trabalhos, mas ainda não foi possível identificar a origem do problema. Por conta da umidade e água que escorre no prédio, sete salas estão interditadas. Em duas delas a Prefeitura Universitária (PU) já iniciou o processo de reforma.
Tendo isso em vista, o diretor do CCE propôs à assembleia que: fosse estabelecido um prazo de duas semanas para a Reitoria resolver a impermeabilização das coberturas, os reparos nos banheiros e a iluminação na UFSC. Esgotado esse tempo, os cursos de graduação do centro paralisariam até que as questões fossem resolvidas. Em contrapartida, “em um ato de boa-fé”, o Departamento de Língua e Literatura Estrangeiras (DLLE) cederia recursos, arrecadados por meio do Curso Extracurricular de Línguas Estrangeiras, para o conserto dos aparelhos de ar-condicionado do bloco A e de alguns bebedouros do prédio.
“Nós viramos um escritório de produção de solicitações não atendidas. A gente entende a crise, a natureza da crise, entende que a universidade está cercada por um conjunto de condições absolutamente perversas, mas há coisas que, nos termos em que a universidade está posta, poderiam ter sido feitas e não foram, que podem ser feitas e que cabe à gente cobrar”, desabafou Lopes.
O que diz a comunidadade do CCE
Para o coordenador de Línguas Estrangeiras e Secretariado Executivo, Sergio Romanelli, não é papel do DLLE investir recursos próprios em um problema que deveria ser resolvido pela Administração Central. Ele lembrou que o departamento citado já foi responsável, em outra ocasião, por colocar data show, alguns aparelhos ar-condicionados e quadros novos nas salas de aula. “Eu acho que não é justo, a gente não pode remendar toda vez que der um problema”, e completou: “o prédio está desabando, não é mais nem uma questão de diálogo, é de saúde pública e segurança de todos nós”.
Romanelli enfatizou que recebe diariamente queixas de professores e alunos sobre as condições estruturais. “Hoje mesmo estourou o cano do ar-condicionado de uma sala do bloco A. Saiu uma bola de gelo do cano e litros de água enquanto tinha aula. É uma surpresa a cada segundo”, relatou.
Já Isabel Colucci, sub-chefe do departamento de Jornalismo, solicitou que a direção do centro apresente um levantamento em dados sobre as condições do CCE. Ela defendeu ser importante que os colegiados de curso tenham a dimensão de, por exemplo, quantas salas do centro estão sem climatização, quantas aulas acontecem nesses espaços e quantos alunos estão sendo afetados por isso.
Risco para os alunos
Durante a assembleia, uma estudante do curso de Design de Produto relatou que na terça-feira, dia 19, colegas deixaram a sala de aula passando mal por conta do calor. Segundo ela, nenhuma das salas do curso têm ar-condicionado. Além disso, a estudante ressaltou que nenhum dos bebedouros do primeiro andar do bloco A funcionam. Outro problema que eles enfrentam é a falta de computadores para atender toda a turma, afirmou a aluna.
Na última reunião entre a Reitoria da UFSC e os diretores de centros, em março, o prefeito universitário, Hélio Rodak, informou que um levantamento detectou que existem 314 aparelhos instalados em salas de aula e laboratórios de ensino que necessitam de manutenção corretiva. Na ocasião, Rodak disse que “a UFSC conseguiu viabilizar a carona em uma ata de registro de preços do 19º Batalhão de Infantaria Motorizado do Exército. Já há concordância do órgão público e interesse manifesto da empresa prestadora do serviço em atender a UFSC”.
A secretária de Planejamento e Orçamento, Andréa Trierweiller, informou que autorizou a alocação de R$ 210.948,42 para o processo de adesão à ata. A expectativa da gestão é de que a empresa começasse trabalhos em meados de março, já com as aulas em andamento, conforme a UFSC.
No entanto, na última sexta-feira, dia 15, a Prefeitura Universitária emitiu um ofício circular às unidades acadêmicas e administrativas em que afirma que a greve dos técnico-administrativos em educação (TAEs) impactou “as rotinas de aquisição, gerenciamento e instalação dos materiais necessários aos serviços de manutenção predial e de equipamentos”. O ofício diz ainda que “deste modo, uma parte de nossos serviços de manutenção poderá não ser atendida. Para a parte que conseguirmos prestar atendimento, haverá um aumento no tempo de resposta. Durante este período, priorizaremos os serviços que impactam diretamente na segurança da comunidade”.
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Karol Bernardi
Imprensa Apufsc