*Por Nestor Roqueiro
Os funcionários públicos, ao contrário do que diz o governo, estão sendo atacados por todos os flancos.
Se não fosse suficiente sermos relegados a pouco mais do que lixo a ser descartado pelos governos do Temer e Bolsonaro, o atual governo nos deixa à míngua acenando com 0% de reajuste salarial em 2024. Lembrando que somente a inflação de Fevereiro foi de mais de 0,8%.
Mas a nossa situação sempre pode piorar. Agora podemos sofrer mais um baque com a proposta de emenda à constituição para permitir a acumulação de cargo de professor com outro de qualquer natureza. Vide https://www.camara.leg.br/noticias/1043281-comissao-aprova-proposta-que-permite-acumulacao-de-cargo-de-professor-com-outro-de-qualquer-natureza
Como o professor poderá acumular cargos, inclusive na iniciativa privada, se quiser trabalhar 60 horas como disse a deputada que propôs a emenda (“Uma vez tendo a devida qualificação, compete a ele, profissional, escolher se quer trabalhar 20 horas, 40 horas ou 60 horas. O texto apresentado não está falando da dedicação exclusiva, não está voltado apenas para o ensino superior. Pelo contrário, a PEC abrange todo o exercício do magistério, em toda a sua amplitude”, Fonte: Agência Câmara de Notícias) vai existir em excelente argumento para não melhorar o salário dos professores. Se quiserem ganhar mais que trabalhem em outro emprego,…60 horas se for o caso. Por acaso não soa parecido aos regimes de trabalho do século XIX?
Ou então trabalha como professor em regime de 20 horas enquanto jovem e quando ficar velho passa a DE e se aposenta nesta condição tendo dedicado a maior parte de seus anos mais produtivos a outros afazeres.
O ainda pior, quem diz que como professor de uma entidade pública não vai utilizar seu cargo para privilegiar de alguma forma a empresa privada em que ele trabalha?
E o sindicato, vai fazer o que? Continuar com cafezinho de boas vindas e happy hour com boca livre…
*Nestor Roqueiro é professor do DAS/CTC