Laura de Mello e Souza, que ganhou Prêmio Internacional de História, diz ao Valor Econômico que Brasil desperta muita curiosidade entre historiadores do mundo
“Minha mãe sempre disse: não crio filhas para se casarem, crio filhas para serem independentes”, lembra Laura de Mello e Souza, de 71 anos, a primeira mulher e a primeira pessoa do continente americano a receber o Prêmio Internacional de História. A distinção criada em 2015, concedida pelo Comitê Internacional de Ciências Históricas (fundado em Genebra em 1926), será entregue numa cerimônia em Tóquio, em setembro.
“Recebi a notícia do prêmio sentada naquela cadeira [aponta para a janela] e quase desmaiei. Fiquei dois dias meio atordoada. Não é um prêmio que você saiba alguma coisa a respeito dele como o Jabuti, por exemplo, que tua editora te inscreve. Há imensos historiadores vivos. E muitos deles teriam 30 vezes mais possibilidade de ganhar do que eu”, conta, vestida de forma clássica, em seu apartamento no bairro dos Jardins, em São Paulo.
Aqui é sua base, a cidade onde nasceu e viveu sempre e para a qual voltou em meados de 2022, depois de lecionar durante oito anos na Universidade de Paris IV — a Sorbonne. “São Paulo é minha cidade preferida. Adoro morar aqui. É uma falsa cidade horrorosa. Claro que quando passo na Amaral Gurgel, o cenário é terrível. Mas o Brasil inteiro tem aspectos medonhos. Ou é uma coisa radiosa ou uma ignomínia”, diz, antes de elogiar a vida cultural da grande metrópole. “Tem exposições incríveis e a cena musical é maravilhosa. No Theatro São Pedro, no Municipal e na Sala São Paulo. Algumas das montagens de óperas mais incríveis vi aqui, inclusive ‘O Guarani’, no ano passado.”
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