Por Fábio Lopes*
Nesta segunda-feira, dia 20, docentes, TAEs e discentes da UFSC foram surpreendidos com o vencimento da licença do pacote Adobe. Não há como medir palavras: o episódio é, de ponta a ponta, absurdo, grotesco. A comunidade dos usuários – que inclui vários cursos do CCE – não recebeu nenhum aviso de que o acesso ao serviço ia ser interrompido, muito menos de que a Reitoria não apresentaria nenhuma alternativa para a suspensão da licença. Quando a notícia veio à baila – por meio de uma nota publicada quase às escondidas apenas na página da SeTIC-Superintendência de Governança Eletrônica e Tecnologia da Informação e Comunicação no fim de tarde da última sexta-feira – já era tarde: as pessoas não tiveram tempo nem mesmo de salvar os arquivos de que dispunham, a fim de mantê-los consigo.
Feito o estrago, e diante da repercussão extremamente negativa do ocorrido, a Reitoria finalmente começou a fazer o que deveria ter feito há muito tempo: buscar uma solução para o problema.
Desde então, o que sabemos – sempre por meio de informações não oficiais – é que o diretor do Gabinete do Reitor esteve reunido com o secretário da Secretaria de Comunicação da UFSC (Secom) e o diretor da Agência de Comunicação da UFSC (Agecom). A Direção do CCE, assim como as coordenações de todos os cursos de nosso centro prejudicados pelo fim da licença, está completamente alijada do processo de decisão e segue sem dado oficial algum a respeito do que está sendo proposto para compensar o encerramento do contrato com a Adobe. Não temos qualquer notícia minimamente segura acerca de qual alternativa está sendo articulada pela Reitoria, quanto isso custará e em quanto tempo será implementada, se é que alternativa haverá.
Fomos e continuamos sendo tratados como gado que vai para o abate: sofrendo os efeitos de decisões e omissões de gestores, sem nem mesmo saber para onde estas estão nos conduzindo.
Infelizmente, essa crise não é exceção. A Direção do CCE enfrenta todos os dias as perniciosas implicações de uma forma de conduta da parte da Reitoria que combina inoperância, morosidade, decisões disparatadas, omissões e desinformação.
Como a Direção do CCE tem procurado esclarecer em suas reiteradas manifestações públicas (no Conselho Universitário, em artigos lançados no site do sindicato dos professores e em incontáveis e-mails remetidos à comunidade-CCE), os longos interlúdios sem instrumento de prestação de vários serviços essenciais à universidade se acumulam. No momento, e há muito tempo, faltam contratos de intérpretes de Libras, de manutenção de bebedouros, de corte de grama, de manutenção de aparelhos de ar-condicionados, de chaveiro, de impermeabilização de coberturas prediais.
Os ruídos de comunicação da Reitoria com a comunidade a respeito dos inúmeros problemas que nos afligem são igualmente recorrentes. Para citar um caso emblemático, a universidade, por falta de contrato, ficou recentemente uma semana sem porteiros, mas os diretores só soubemos disso por mero acaso e na véspera da suspensão do serviço. Como se não bastasse, as informações durante a referida crise de portarias ou bem não chegavam, ou bem, quando chegavam, eram equivocadas e nos induziam a erros no planejamento de atividades das quais dependia nada menos do que a segurança física das pessoas e a segurança patrimonial da instituição.
Acima, mencionamos, de passagem, a falta de contrato de impermeabilização dos edifícios. As decorrências disso no CCE são particularmente dramáticas. Infiltrações e goteiras já inutilizaram várias salas de aula do Prédio A e estão em vias de comprometer outras tantas. Mas essa situação, em si mesma insustentável, nem se compara ao que sucederá a esta Universidade nos meses mais quentes do ano vindouro. Serão semanas inteiras de altas temperaturas, provavelmente as maiores desde que as medições têm sido feitas. Com a quantidade de bebedouros e aparelhos de ar-condicionado quebrados, o desconforto redundará em queda vertiginosa na qualidade do ensino/aprendizagem, sem falar no fato de que os atendimentos por desidratação, queda de pressão e outros males decorrentes do calor excessivo virarão rotina. A próxima crise já está contratada, e, até onde sabemos, nada está sendo feito para mitigá-la ou evitá-la;
Um última palavra sobre o caso da licença Adobe: vamos encaminhar Ofício ao Gabinete do Reitor solicitando a apuração de responsabilidades e explicações públicas minuciosas sobre o que ocorreu. No referido documento, também solicitaremos transparência completa nos processos de negociação e decisão relativos aos desdobramentos futuros do caso.
*Fábio Lopes da Silva é diretor do CCE/UFSC