O presidente da Apufsc-Sindical, José Guadalupe Fletes, participou da reunião e levou a demanda da categoria docente
A segurança no campus de Florianópolis da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) tem sido pauta recorrente na comunidade universitária e nos meios de comunicação locais. O assunto também foi tema de reunião extraordinária do Conselho Universitário (CUn) na semana passada.
Tendo como pauta a infraestrutura e a segurança da universidade, a sessão precisou ser dividida em duas partes. A primeira, ocorrida na terça-feira, dia 14, ficou focada no primeiro assunto, enquanto a segunda, ocorrida na última sexta-feira, dia 17, deveria debater prioritariamente o segundo tópico. No entanto, os assuntos se misturaram e conselheiros saíram frustrados com a falta de posicionamentos claros, cronogramas e encaminhamentos por parte da Administração Central da UFSC.
O presidente da Apufsc-Sindical, José Guadalupe Fletes, participou das duas reuniões, apesar de o sindicato não ter cadeira no CUn. A presença foi aprovada pelos conselheiros. Fletes apresentou aos presentes a preocupação com as condições de trabalho docente e cobrou soluções emergenciais para problemas urgentes. O relato sobre as reuniões será repassado ao Conselho de Representantes (CR) da Apufsc em reunião nesta quinta-feira, dia 23.
Quantidade de furtos chama atenção
Na reunião de sexta-feira, o secretário de Segurança Institucional da UFSC, Leandro Luiz de Olivera, iniciou apresentando dados de ocorrências registradas no campus de Florianópolis. Segundo os registros, foram mais de 60 ocorrências de furto em 2023, sendo 40 de bicicletas, 20 de patrimônio, dois furtos de carro e um de moto. Além disso, foram três registros de roubo, incluindo o sequestro-relâmpago contra um estudante no mês de outubro. Entre outras ocorrências registradas pelo setor, estão cinco apreensões de arma branca e três casos de injúria racial.
O secretário falou ainda sobre outras questões que preocupam, como a equipe pequena e baixo número de viaturas, deixando claro que há sobrecarga de trabalho no setor. Ele explicou ainda que as vagas para vigilantes na universidade estão entre os cargos extintos pelo governo federal. Com as aposentadorias, as essas funções deixarão de existir. Leandro projeta que, em dez anos, toda a segurança da universidade será feita por profissionais terceirizados.
Os dados preocuparam conselheiros que acumulam relatos de questões relacionadas à falta de segurança no campus. As situações citadas vão desde roubos de cabos de energia, que comprometem atividades, até furtos em estruturas como a farmácia-escola, por exemplo.
Estudantes enviam carta à Reitoria
Entre as falas feitas no CUn, foi lida uma carta assinada pelos centros acadêmicos da Saúde relatando situações de insegurança, como a vivenciada pelo estudante de Medicina vítima do sequestro-relâmpago. “Nos últimos anos, o campus tem sofrido grave sucateamento das estruturas de segurança”, diz a nota, que afirma que a universidade deveria ser um espaço “seguro e acolhedor”, mas não é o que tem ocorrido. “Demonstramos indignação com o desamparo no qual a UFSC e suas estruturas se encontram”, completa a carta, que segue com relatos feitos por estudantes de diversos centros.
Presidente do CUn, o reitor Irineu Manoel de Souza respondeu após a leitura: “Temos a carta e estamos analisando todos os pontos”.
Docentes também apresentaram uma série de situações, tanto relacionadas à insegurança provocada por problemas na infraestrutura e falta de manutenção, quanto questões como a falta de vigilância e histórico de furtos.
Apufsc leva demandas da categoria docente
Depois de mais de quatro horas de reunião e uma série de relatos, boa parte deles direcionada à Prefeitura Universitária e à Secretaria de Segurança, Irineu afirmou: “As críticas são à Reitoria, e como reitor, assumo. Estamos trabalhando muito em cima das questões colocadas, até nas respostas às cartas. Não queremos que as críticas sejam direcionadas ao gestor ‘a’ ou ‘b'”.
Presidente da Apufsc, Fletes foi um dos últimos a falar e refletiu que os apontamentos dos colegas se tratam de críticas, não de oposição. “Temos o princípio institucional da defesa da universidade pública.
Eu faço diferença entre a crítica e a oposição sistemática, e acho que aqui não estamos fazendo oposição sistemática à gestão, inclusive porque nós nos debruçamos sobre os problemas que nos atigem diuturnamente, tanto conselheiros, diretores, chefes de departamento, porque somos cobrados pela comunidade universitária”, afirmou.
O professor completou: “Enquanto sindicato, temos um olhar de que é necessário manter a política do que a instituição defende: sua qualidade de ensino, preservar sua imagem, que seus recursos, que são públicos, sejam alocados de maneira digna. E é isso que nos cobra nossa categoria docente”.
Fletes chamou atenção para dois aspectos apontados anteriormente: a necessidade de se discutir o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) na UFSC, e o plano de revitalização do campus. “É preciso pensar em como fazer com que a comunidade externa e interna defendam esse espaço público”.
Ao fim do encontro, conselheiros demonstraram frustração com as reuniões por avaliar que não saíram com uma agenda clara de compromissos. O reitor e outros membros da gestão rebateram. “Em relação à segurança, estamos ampliando a iluminação, a segurança eletrônica, e é pauta da Andifes trazer de volta o cargo de vigilantes. Também estamos trabalhando no aprimoramento de atividades para desburocratizar alguns aspectos”, disse Irineu.
A próxima sessão ordinária do CUn está agendada para o dia 28 de novembro, às 14h.
Assista na íntegra:
Polêmica com a Polícia Militar
Na reunião de terça-feira, dia 14, antes mesmo de a segurança entrar em pauta, o presidente do CUn, o reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, adiantou: “a Reitoria da UFSC é contra a presença da Polícia Militar no campus. Essas questões estão sendo discutidas com estudantes, comunidade externa e interna”. Irineu disse ainda que “não haverá cercamento do campus”, conforme foi noticiado recentemente pela imprensa local. “O que existe é um projeto da Prefeitura Universitária de controle de acesso, com revitalização das cercas que estão caídas, e mais guaritas”, explicou o reitor.
Na sexta-dia, 17, a Reitoria publicou uma nota sobre a presença da PM no campus, em que expressa “seu respeito à Polícia Militar de Santa Catarina” e ressalta “a importância do trabalho cooperativo desenvolvido entre as duas instituições”. Leia a nota na íntegra.
Stefani Ceolla
Imprensa Apufsc