Segundo ciclo debate sobre cinema e direitos humanos
Na noite desta segunda-feira, dia 6, foram exibidas no Teatro Carmen Fossari duas produções audiovisuais sobre a presença de ideologias fascistas e nazistas em Santa Catarina: o curta-metragem “Gritos do Sul”, de Fahya Kury Cassins, e o documentário “Uma história de silêncios”, de Ísis Leites Regina, Clara Spessatto e Júlia Santos da Rosa Matos. O evento faz parte do ciclo sobre cinema e direitos humanos do Cineclube 757. Após a apresentação, as diretoras compartilharam os bastidores dos trabalhos.
O debate foi conduzido pelo vice-presidente da Apufsc-Sindical e um dos idealizadores do Cineclube, Adriano Duarte. A primeira-secretária da Apufsc, Viviane Heberle, também esteve presente. Além do sindicato, o projeto tem o apoio da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e do Movimento Humaniza SC.
O curta-metragem “Gritos do Sul” é uma obra de suspense que conta a história de um casal que resolve passar uns dias em um chalé na Serra, durante a pandemia, e a ascensão do fascismo na região Sul. Ao chegarem no local, os dois acabam se deparando com atitudes estranhas dos proprietários do imóvel. “Gritos do Sul” é um dos 33 projetos que receberam apoio financeiro da Prefeitura de Joinville, por meio do Edital Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec), em 2021.
A diretora lembra que o filme ganhou repercussão, mas que iniciou de maneira inusitada, com mentiras inventadas sobre a obra. “Os ataques começaram dizendo que eu xingava os joinvillenses e catarinenses de nazistas e fascistas”, explicou Fahya. Ela contou que também foi atacada por vereadores da cidade, que “protocolaram um projeto de lei que veda do sistema de cultutra manifestações de caráter ideológico, político, religioso e racial”.
Fahya afirmou que a obra é inspirada na vida real e que é um grito que ela sentiu a necessidade de dar. “Esses silêncios a gente tem que romper e não tem sido fácil e não será fácil continuar tentando romper.”
Enquanto a obra de Fahya utiliza da ficção, o documentário “Uma história de silêncios” traz depoimentos de historiadores e moradores das cidades de Dona Emma e Timbó, no Alto Vale do Itajaí, que discutem a ascensão de casos associados à ideologia nazista no estado. A produção também fala sobre o papel da mídia no assunto e está disponível no canal do YouTube do Instituto Vladimir Herzog.
O documentário, produzido pelas estudantes de Jornalismo da UFSC Ísis Leites Regina, Clara Spessatto e Júlia Santos da Rosa Matos, foi uma das ideias vencedoras da 15ª edição do Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, que recebeu apoio para desenvolver uma pauta sobre o tema: “Novas e velhas lutas: Qual o papel do jornalismo na reconstrução do Brasil?”.
As alunas contaram que quando começaram a pesquisar sobre o tema, acreditavam que a obra falaria da banalização do nazismo em Santa Catarina, mas que, a partir das entrevistas, perceberam que se tratava sobre o silenciamento do tema. “Alguns moradores evitavam até dizer a palavra nazismo”, lembrou Clara.
Sobre o Cineclube 757
O Cineclube 757 é idealizado por servidores ligados à Secretaria de Educação a Distância (Sead), ao Departamento Artístico e Cultural (DAC/Secarte) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), professores da Apufsc-Sindical e membros do Movimento Humaniza SC. A ideia é realizar mostras de filmes e documentários, defesas acadêmicas realizadas em audiovisual, lançamentos de obras fílmicas, debates, discussões e ciclos temáticos. No primeiro semestre de 2023, foi realizado o ciclo sobre fascismos, com exibição de filmes e debates. No segundo semestre, o novo ciclo será focado em cinema e direitos.
Karol Bernadi
Imprensa Apufsc