Formação negligencia prática na sala de aula; docentes que estagiaram são minoria e relatam experiência burocrática e distante da realidade das escolas, de acordo com Folha de S. Paulo
Uma pesquisa inédita obtida com exclusividade pela Folha de S. Paulo mostra que apenas 20% dos professores do Brasil consideram que o modelo atual de estágio é o ideal. Os estagiários muitas vezes não participam de atividades na prática e também não recebem orientação. Realizada pelo Instituto Península, que desenvolve projetos de educação com foco nos docentes, a Pesquisa Pulso 2023: Políticas Educacionais Sob a Ótica dos Professores fez entrevistas online, entre 3 de julho e 8 de agosto deste ano, com 3.029 docentes com idade média de 42,8 anos, de diferentes regiões do país.
O estudo vem à tona na sequência de outro dado alarmante sobre a formação de professores no Brasil, divulgado no final de setembro: apenas 13,7% dos formandos em licenciatura fizeram mais do que as 400 horas mínimas obrigatórias de estágio. Pouco menos de 20% cumpriram entre 301 e 400 horas de estágio e mais da metade (55%) fez somente até 300 horas. Quase 12% não fizeram nada de estágio.
Os números são de uma análise feita pela ONG Todos pela Educação com base nos questionários do último Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), aplicado em 2021. E, é bom ressaltar, essas são as cargas horárias declaradas pelos formandos — não há como mensurar os casos, como o de Luís, em que o estudante consegue a assinatura da escola sem ter cumprido a carga horária de fato. E, de acordo com a ONG, há uma percepção de que essa prática não seja rara.
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