Como esvaziar um copo vazio

Por Nestor Roqueiro*

No inicio do atual governo federal o nosso presidente clamou por apoio popular para poder cumprir com as promessas de campanha, mas ate a presente data não houve manifestações populares reivindicando qualquer coisa que seja. Sabe-se que nas instâncias de poder (e decisão) a maioria das cadeiras esta ocupada por agentes do capital e não por trabalhadores. Portanto, sabiamente, o presidente conclamou os trabalhadores para pressionar a ele mesmo e assim dar suporte a propostas mais arrojadas em favor dos trabalhadores. Como não fizemos nada ate agora o cabo de guerra esta sendo puxado pelos agentes do capital com tanta força que ate um ministério foi entregue recentemente à “oposição”!!! Inacreditável o que esta sendo feito em aras da governabilidade. Depois não vamos  reclamar, ne?    

Recentemente o ministro de trabalho e emprego disse que sindicatos frágeis enfraquecem a democracia (https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-09/luiz-marinho-diz-que-sindicatos-frageis-enfraquecem-democracia). O imposto sindical voltando traz recursos para os sindicatos mas NÃO PROMOVE MOBILIZAÇÃO!!!! Com grana e sem mobilização os sindicatos continuam fracos. Mais um puxão de orelhas e nada de reagir.

Apufsc leva ao Proifes, que leva à CUT, que leva ao PT, que leva ao governo atual. O governo atual propõe uma mesa de negociação com a CUT que traz o Proifes, que traz a Apufsc, que … NÃO traz os associados porque não mobiliza ninguém, nem para defender a sede do campus (fomos jogados para a beira do mato). Negocia quem tem força, quem não tem claudica, se submete, aceita e quando muito faz cara feia. Este é o copo vazio. Mas sempre é possível retirar a ultima umidade que pode restar.

Como sabemos na PLOA de 2024 há recursos reservados para no máximo 1% de reajuste salarial, e para atender os agentes do capital é quase certo que vai se cumprir essa promessa em prol da “governabilidade”. Qual a saída? Isentar do IRPF os docentes, de qualquer nível (https://extra.globo.com/economia/servidor-publico/coluna/2023/09/isencao-de-imposto-de-renda-a-professores-publicos-recebe-parecer-favoravel-na-camara-dos-deputados.ghtml). Se esta proposta se concretizar, e falta muita tramitação, vai representar grana no bolso e claro que todos precisamos de mais grana no bolso. Mas cuidado, é uma proposta, e assim como a redução de impostos do combustível no governo passado, só tem efeito enquanto dura. Sempre pode-se dar marcha re…a qualquer hora.

E o copo vazio? Com aceno de grana no bolso quantos docentes vão se mobilizar espontaneamente, já que o sindicato não mobiliza ninguém, para reclamar do salário (este sim que não pode ser retirado quando concedido)? É o pano para secar o copo.

*Nestor Roqueiro é professor do DAS/CTC