Após a exibição, Waldir Rampinelli e Zeca Pires debateram sobre a obra que passeia pela trajetória de Allende até o golpe de 1973
Na noite desta segunda-feira, dia 11, data que marca os 50 anos do golpe de Estado do Chile, o Cineclube 757 exibiu o documentário “Salvador Allende”, do diretor Patricio Guzmán, que faz parte do ciclo de debates sobre cinema e direitos humanos. Após a apresentação, no teatro Carmen Fossari, o professor de história Waldir Rampinelli e o cineasta Zeca Pires debateram sobre o filme, que passeia pela trajetória de Allende até o golpe de 1973, que instaurou a ditadura militar de Pinochet.
O Cineclube 757, promovido pela Apufsc-Sindical e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), contou nesta edição com apoio do Movimento Humaniza SC e dos deputados estaduais Marquito (Psol-SC) e Neodi Saretta (PT-SC). O presidente da Apufsc, José Guadalupé Fletes, e o vice-presidente, Adriano Duarte, estiveram presentes na exibição.
Cerca de 40 pessoas prestigiaram esta edição do Cineclube 757 (Fotos: Karol Bernardi/Apufsc)
Lançado em 2004, o documentário “Salvador Allende” não é o primeiro, nem o único filme do diretor chileno Patricio Guzmán que trata sobre o político socialista e seu país. Ao partir de uma visão pessoal da história, o diretor retrata o contexto que elegeu Allende como presidente do Chile, a organização das massas e os caminhos que levaram ao golpe encabeçado pelo general Augusto Pinochet. O cineasta Zeca Pires destaca as três estratégias narrativas utilizadas pela cinebiografia: a entrevista, a condução narrativa de Guzmán e as imagens de arquivo.
É a partir desta construção visual, que fica evidente a grande mobilização social da época, a qual se refere o professor Waldir Rampinelli. “Allende é um produto da história, ele é fruto do povo chileno. Por que ele foi grande? Porque o povo chileno era grande”, explica o professor. Com o golpe e a ditadura de Pinochet, o professor pontua que o país se tornou o espelho do fascismo na América Latina, com “o regime que mais próximo esteve dos fascismos e nazismos europeus”.
Para Rampinelli, falar sobre a data do golpe é muito importante. “O 11 de setembro é uma data que tinha sido sequestrada pelos Estados Unidos, por conta das torres gêmeas. Quando falavam do 11 de setembro, falavam deles, não de nós. Nós estamos trazendo a data para a nossa história.” No documentário de 2004, Guzmán também traça o papel e a influência dos EUA na construção do golpe no Chile.
Ao final, os debatedores discutiram sobre o filme e responderam perguntas da plateia (Fotos: Karol Bernardi/Apufsc)
Sobre o Cineclube 757
O Cineclube 757 é idealizado por servidores ligados à Secretaria de Educação a Distância (Sead), ao Departamento Artístico e Cultural (DAC/Secarte) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), professores da Apufsc-Sindical e membros do Movimento Humaniza SC. A ideia é realizar mostras de filmes e documentários, defesas acadêmicas realizadas em audiovisual, lançamentos de obras fílmicas, debates, discussões e ciclos temáticos. No primeiro semestre de 2023, foi realizado o ciclo sobre fascismos, com exibição de filmes e debates. No segundo semestre, o novo ciclo será focado em cinema e direitos.
Karol Bernardi
Imprensa Apufsc