Em mesa-redonda realizada durante a 75ª Reunião Anual da SBPC, especialistas discutiram o papel das instituições para desenvolvimento do Brasil, destaca o Jornal da Ciência
As universidades exerceram um importante protagonismo nos últimos anos, não apenas como um centro de resistência pela educação, mas também lutando pela saúde, pela igualdade e pela democracia. Apesar do desmonte sofrido e dos constantes ataques à ciência, elas se mostraram resilientes e fundamentais para a reconstrução do País. Essa e outras questões foram debatidas na mesa-redonda “O papel das universidades públicas na reconstrução do Brasil”, realizada nesta quarta-feira, dia 26, durante a 75ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A reunião encerrou no sábado, dia 29, na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba.
“O desmonte das universidades assistido nos últimos seis anos se deu a partir de uma violência simbólica além de orçamentária. Isso foi bastante palpável e sentido por todos nós. Não é possível que alguém que estava dentro de uma universidade federal do Brasil não tenha sentido o que aconteceu conosco nos últimos anos”, declarou Ricardo Marcelo Fonseca, reitor e professor do Departamento de Direito Privado da UFPR e presidente da Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
Para ele, as universidades agora voltam a ser valorizadas como patrimônio do País, mas ainda existem muitos pontos que precisam ser retomados e discutidos. “Nós temos uma imensa agenda de tarefas. Temos que analisar o que tem que começar a ser feito agora a partir de um processo de destruição da educação pública superior, que vai exigir um grande esforço de todos os agentes da universidade: pesquisadores, sociedades científicas, reitores e estudantes.”
Os ataques sistemáticos à ciência, à pesquisa e ao debate manifestaram-se por meio de inúmeras ações deletérias, que vão desde o contingenciamento de verbas até ataques verbais de autoridades. “Esse desmonte nos últimos anos das universidades estiveram no centro de tudo. Todo mundo sabe do insensato projeto de país ancorado no irracionalismo, no anti-intelectualismo, na anticiência, no negacionismo, no autoritarismo e na eliminação da diversidade, do respeito aos outros e também da vida”, afirmou Sandra Regina Goulart Almeida, reitora e professora da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A reitora diz que as apesar de uma revalorização das universidades, ainda é preciso que toda a população veja as instituições de ensino superior como um dos bens mais valiosos do povo brasileiro. “Somente a universidade livre e autônoma pode desempenhar seu papel de construir uma nação melhor para todos os seus cidadãos. Nós somos imprescindíveis para a construção do país que nós queremos.”
Leia na íntegra: Jornal da Ciência