*Por William B. Vianna
Com milhares de vagas em aberto em diversos cursos, evasão, desmotivação e uma crise sem precedentes, é óbvio que era de se esperar audiência pública sobre um plano de atuação contra o esvaziamento das atividades presencias, melhoria dos indicadores da matriz ANDIFES e ações para retomada do interesse pela UFSC. Mas a gestão atual consegue inovar no melhor estilo panes et circenses do populismo bolsonarista do “se está no poder aproveite para fazer campanha eleitoral permanente” e propõem criar uma “nova politica de festas”.
De fato, a assunto das festas sempre preocupou os três últimos reitores que sempre nos receberam e demandaram para tratar os delicados assuntos da juventude universitária, de forma republicana, com respeito e consideração ao quase invisível mas necessário trabalho da Pastoral Universitária especialmente disposto no projeto “Risca o Risco” (SIGPEX 201910034), que objetiva mobilizar o protagonismo universitário para reduzir e prevenir comportamentos de risco associados ao uso e abuso de álcool e drogas e prevenção ao suicídio.
Pois bem, a melhor e mais populista solução encontrada até então para não enfrentar uma questão complexa e controversa foi do Cancellier com relação ao Centro de Convivência e ele deu um jeito de fechar e para não criar conflito alegou-se que a estrutura do prédio estava comprometida e passou o cadeado, sem mais!
Mais de 30 anos depois da redemocratização do país, os estudantes não precisam mais se entrincheirar em espaço público com a desculpa de debate politico, ao mesmo tempo que todo mundo sabe que tipo de “festas” acontecem ali no convivência e em outros lugares do Campus nas noitadas adentro com a condescendência da Reitoria.
A pauta de uma parte da comunidade e da sociedade deliberadamente desdenhadas do debate é a que veio essa “nova politica de festas”, se é essa a prioridade para melhoria dos indicadores educacionais e se o que se espera da UFSC é que seja território geográfico de embaixada para um tudo pode que pode levar à violência e à morte porque não é possível crer que um lugar em que, segundo estudantes, é inseguro ir ao banheiro de dia, será seguro para festas à noite com toda a estrutura física, de segurança e saúde que uma atividade dessa demanda. E se há uma crise financeira para estudar e viver em Florianópolis, quem vai financiar essas festas.
Afinal, o que os pais esperam ao sustentar os filhos pra estudar na UFSC é vir pra para formatura e nunca para levar à internação ou reconhecer o filho no IML. Portanto, o debate exigido é muito mais amplo e profundo que esse com comissões selecionadas pela Reitoria e demanda o envolvimento de forma preventiva dos órgãos de Segurança Pública, OAB, MPF, Igrejas, comissões de Direitos Humanos e
claro – os pais! Porque não é à toa que as famílias estão preferindo as particulares e EAD.
*Prof. William B. Vianna é professor do Departamento de Ciência da Informação e assessor da Pastoral Universitária da Arquidiocese de Florianópolis.