A Apufsc festejará 48 anos no próximo dia 24. E não poderia ter notícia mais triste: a Reitoria quer demolir sua sede campus – lugar em que sempre esteve, desde sua fundação, em 1975.
Nessa sede se articularam lutas históricas, como a luta pelo fim ditadura, de defesa da universidade pública, das diretas já, da criação da Associação Nacional dos Docentes (Andes), as greves por salário e carreira, contra o projeto Future-se e tantas outras atividades políticas, culturais e sindicais. É nosso local de convívio, de descontração, do cafezinho e do Boteco da Apufsc. Os professores/as sempre preferiram esse espaço, que é simples, em vez da sede administrativa (situada no Edifício Max & Flora, também na Trindade).
É uma sede cheia de simbolismos. Esse espaço, como nos ensinou Milton Santos, tem memória e vida. Demolir, portanto, é ato de violência simbólica e material.
Faremos uma breve retrospectiva sobre a questão da sede. Sua manutenção sempre esteve a cargo do sindicato (luz, água, reparos etc.). A busca por ampliar a área disponível aos professores dentro do campus, em particular para atividades culturais e de eventos, foi o que levou a Diretoria anterior da Apufsc a propor ao DCE e à APG a restauração do degradado Centro de Convivência. A tratativa resultou num pré-acordo de utilização compartilhada daquele espaço – acordo esse que foi levado à Reitoria, nas gestões Ubaldo e Irineu. Sempre sem uma resposta clara e definitiva.
Tal iniciativa sempre apontou para a necessidade de a Administração Central da UFSC apresentar análise de viabilidade jurídica (instrumento) e de estimativas de custos. Mas, em ambas as gestões, por motivos diversos, sempre se protelou uma resposta conclusiva. A atual gestão da UFSC alegou a necessidade de se realizar um edital licitatório – diga-se de passagem, um instrumento que serve a bancos ou empresas, pois privatizam os espaços para fins de lucros, que não é o caso de um sindicato.
Para nós da Apufsc importa o retorno e integração do Centros de Convivência aos interesses da comunidade universitária, não sua exploração econômica. Adicionalmente, de nossa parte, tomamos o cuidado para só efetuar um contrato de “comodato” se tudo estivesse jurídica e financeiramente claro, para que a decisão final fosse levada à categoria para análise e aprovação, por meio de uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) específica. O fato é que essa alternativa do Centro de Convivência não andou para frente, e hoje a Reitoria parece ter uma solução própria.
Assim, agora, nos deparamos com a questão da demolição da sede campus da Apufsc. A alegação da Administração Central é que toda a edificação dos blocos modulados do CFM está condenada e precisa vir abaixo. No local será construída uma praça e vias que interligarão as edificações restantes (EFI, CCE e outras). Em reunião com o reitor, no dia 7 junho, nos foi informada que a razão para a demolição era técnica e urbanística, além de pressões do Ministério Público Federal (MPF) para que o espaço público não seja ocupado por terceiros (de natureza privada).
Ora, o argumento de que há pressão do MPF diz respeito à ocupação de espaços públicos e não tem relação com as demolições. Se existisse, a sede do sindicato dos técnicos (Sintufsc), o grêmio do Hospital Universitário (HU) e a sede dos volantes deveriam também ser demolidos pela atual gestão. Fica claro que a demolição da sede da Apufsc é uma decisão de natureza administrativa e política, visto que não se apresenta objetivamente uma alternativa.
Portanto, não é compreensível, tampouco aceitável, a demolição. Poderemos, com nossos recursos, realizar uma reforma para que a sede fique em harmonia como o “novo” local depois da demolição dos blocos modulados do CFM ou encontrar um espaço adequado à Apufsc, dentro do campus. De toda forma, essa não é uma questão apenas do sindicato, mas de todos que respeitam seu papel político, sua história e importância na defesa da universidade pública.
Diretoria da Apufsc-Sindical, gestão 2022-2024