Fred Leite Siqueira Campos e Lejeune Mirhan participaram de evento no auditório do CFH da UFSC. Encontro contou com o apoio da Apufsc-Sindical e do Movimento Humaniza SC
Em um mês marcado por datas históricas, o professor do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Fred Leite Siqueira Campos, foi convidado para falar sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, e Lejeune Mirhan, especialista em política internacional, para tratar da questão de Israel e Palestina, em evento realizado na noite de quinta-feira, dia 11, no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da UFSC. O debate teve apoio da Apufsc-Sindical e do Movimento Humaniza SC. O presidente da Apufsc, José Guadalupe Fletes, o vice-presidente, Adriano Duarte, e a secretária-geral, Viviane Heberle, compareceram à palestra.
Representando as duas entidades apoiadoras, Adriano Duarte ressaltou a importância de conversas como a desta quinta-feira. Aproveitou também para lembrar que o Movimento Humaniza SC busca recuperar relações políticas amistosas e não violentas no estado. “Essa organização é sobre tudo antinazista. Tem o objetivo de agregar a todos e todas que se colocam contra o nazi-fascismo”, declarou o vice-presidente da Apufsc.
Conflito Rússia e Ucrânia
Partindo do pressuposto de que não existem discursos imparciais nas coisas humanas, o professor Fred Leite Campos, que também é coordenador do Grupo de Estudos sobre a Rússia (Prorus), defendeu três pontos. Para ele, a humanidade está vivendo um processo de fim de um “moribundo mundo unipolar”. Nesse mundo, os movimentos humanos são condicionados à questão econômica e “quem tem poder econômico, tem poder político”. Dito isso, para Campos, a Rússia é e será ator determinante de todas as mudanças do mundo.
Além da grande extensão territorial da Rússia, ela é cheia de riquezas geopolíticas, humanas, culturais, econômicas e tecnológicas, e a riqueza sempre foi motivo de cobiça, invasões e guerras, segundo o professor. “Não é a toa, portanto, que a história da Rússia tem sido, ao longo desses mais de mil anos, história de invasões, tentativas de saques e escravidão do povo russo e de seu território.”
Sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, o especialista lembra que os dois países sempre foram povos irmãos. Mas a partir do momento em que a Otan começa a se expandir em direção à Rússia e convida a Ucrânia para participar da organização, o país liderado por Vladimir Putin vê uma ameaça. “Se eu junto o fenômeno de que é um cidadão russo que vive na Ucrânia, de que aquela região é sensível à segurança da Rússia, junto o nazismo, o fascismo, a Otan, os Estados Unidos e o financiamento, não me parece nenhum pouco despropositado que um governo livre e soberano proteja o seu povo”, pontua Campos.
O professor finaliza enfatizando que para entender a questão da Ucrânia é necessário olhar para os interesses dos Estados Unidos. De modo que, enquanto estes forem alimentados, a Rússia não vai recuar da chamada “Operação Militar Especial nas Fronteiras da Rússia” ou “Guerra entre Rússia e Ucrânia”, para o Ocidente.
Conflito Israel e Palestina
Atuante na causa Palestina, além de sociólogo, especialista em política internacional, professor e militante sindical, Lejeune Mirhan começou a apresentação lembrando que na segunda-feira, dia 15, o Nakba completa 75 anos. A expressão, que significa “a catástrofe”, marca a data de criação do estado de Israel, seguida da violência instaurada contra o povo palestino, que perdura até hoje.
No evento, Mirhan também falou de alguns pontos levantados no livro “Palestina: história, sionismo e suas perspectivas”, lançado por ele em 2019. Durante a fala, o especialista retomou e argumentou contra justificativas usadas pelos judeus para ocupar a Palestina. Ele pontua que os árabes nunca conseguiram criar um estado nacional por conta dos nove impérios diferentes que já passaram pela região.
Mirhan lembrou que, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada, israelenses e palestinos concordaram em dividir a área e criar dois territórios. Porém, desde o Nakba em 1948 e o movimento sionista, a Palestina vem perdendo suas terras.
Imprensa Apufsc