Doutor em História Social e professor da UFSC, João Klug diz em entrevista ao Portal Catarinas que o neonazismo é “o velho nazismo acondicionado em uma nova sociedade e aplicado em grupos de extrema direita”
Em 2020, uma das maiores especialistas em neonazismo no Brasil, a pesquisadora Adriana Dias, identificou 69 células neonazistas de três a quarenta pessoas em Santa Catarina. O estado só fica atrás de São Paulo, onde foram mapeados 99 grupos. Porém, a população catarinense é ao menos seis vezes menor que a paulista, o que faz de SC, em termos de proporcionalidade, o lugar com maior presença desses grupos. Em outubro de 2022, a prisão de um grupo de jovens acusados de neonazismo ganhou destaque nacional, alguns deles eram estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que está implementando medidas contra discursos nazistas e racistas.
Recentemente, o aumento dos ataques violentos às escolas no Brasil reacendeu o debate sobre como combater a cultura do ódio. De 2002 a 2023, foram registrados 23 ataques, cometidos por pessoas que tinham entre 10 e 25 anos, segundo uma pesquisa realizada por Telma Vinha e Cleo Garcia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A pesquisa foi difundida antes do ataque à creche de Blumenau e o ataque à escola de Goiás. O estudo aponta que o perfil de quem promove os atentados é o de homens brancos, machistas e misóginos, e as motivações partem da raiva, da vingança e do envolvimento com grupos extremistas, principalmente na internet.
Diante desse contexto, o Portal Catarinas convidou o historiador João Klug para uma entrevista sobre o nazismo e o neonazismo. Ele investiga há mais de quarenta anos, entre outros temas, a imigração alemã em Santa Catarina. Em uma das suas pesquisas, estudou como o imigrante alemão se tornou agricultor no subtrópico brasileiro, aprendendo com o caboclo, o negro e o indígena. “Esse é um assunto do qual pouco se fala, porque partem do princípio de que o alemão é o agente da civilização, ele vem de uma Europa civilizada para um Brasil onde reina a barbárie”, afirma o doutor em História Social e professor titular da UFSC. Esta ideia racista é central na ideologia nazista e neonazista.
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