Um ato simbólico foi realizado no alojamento dos estudantes e espaço do CFH
Lideranças indígenas e estudantes do curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica participaram de reunião com o reitor Irineu Manoel de Souza na tarde de quarta-feira, dia 3. Eles estavam acompanhados da coordenadora do curso, professora Juliana Salles Machado, e da professora Maria Dorothea Darella, da equipe de coordenação do curso. A pauta da reunião foi a permanência indígena na UFSC no processo de institucionalização do curso na universidade, sendo o principal tema da conversa a melhoria das condições do alojamento dos estudantes durante o chamado Tempo Universidade, etapa pedagógica que alterna um período na UFSC e outro período na comunidade de origem dos estudantes. Atualmente são 45 alunos no curso, das etnias Guarani, Kaingang e Laklãnõ-Xokleng.
Os líderes indígenas Adilson Policena Kaingang (Cacique Terra Indígena Inhacorá) e Divercindo Garcia Kaingang (ancião Terra Indígena Kondá); Elizete Antunes Guarani (Cacique TI Morro dos Cavalos) e Ronaldo Costa Guarani (Cacique Aldeia Piraí) e Tucun Gakran Laklãnõ (Cacique-presidente Terra Indígena Laklãnõ-Ibirama) e Dona Rosa Silva Laklãnõ (anciã Laklãnõ-Xokleng) se deslocaram de suas aldeias para realizar um ato simbólico no alojamento dos estudantes e espaço do Centro de Filosofia e Ciência Humanas (CFH), marcando a presença indígena nestes espaços universitários, além de uma roda de conversa com os estudantes e docentes do curso e ao final uma conversa com o reitor.
Os estudantes relataram diversos problemas relativos ao alojamento provisório, com destaque para as más condições do telhado, chuveiros e sanitários, além de falta de ventiladores e presença de mosquitos. Muitos estudantes, de diferentes povos e costumes diversos, precisam conviver em um espaço físico limitado durante o período que ficam na Universidade.
Participaram do encontro o diretor do Gabinete do Reitor, professor João Luiz Martins; a pró-reitora de Permanência e Assuntos Estudantis, Simone Sampaio; a pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidade, Leslie Sedrez Chaves e a coordenadora de Relações Étnico-raciais da Proafe, Iclícia Viana.
Durante o encontro foram cogitadas algumas soluções emergenciais para melhoria do alojamento, enquanto prossegue a busca de recursos para a construção de uma moradia estudantil indígena. A professora Simone Sampaio afirmou que será encaminhada a compra de eletrodomésticos para o alojamento, tais como geladeira, fogão e ventilador. A UFSC também busca um imóvel pertencente à União fora da Universidade que poderia servir como moradia, mas até o momento não encontrou um local adequado.
Outra sugestão apontada foi a de realizar o tempo de estudos nas próprias comunidades indígenas, mas isso esbarra na falta de um corpo docente efetivo exclusivo para a Licenciatura Intercultural Indígena. Atualmente, o curso é sediado no Departamento de História, mas conta com a participação de docentes de 13 departamentos da UFSC, entre eles departamentos e cursos como Antropologia, Direito, Psicologia e Letras.
Ao final do encontro, o professor João Luiz Martins se propôs a encaminhar junto à Secretaria de Planejamento e Orçamento (Seplan) os pedidos de soluções emergenciais para o alojamento e criar, junto com a coordenação do curso e lideranças indicadas, uma comissão para pleitear vagas de professores junto ao Ministério da Educação (MEC) e Ministério dos Povos Indígenas (MPI). Um dos caminhos, indicado pela professora Juliana, é buscar a ampliação dos recursos repassados pelo Prolind, programa do MEC de apoio a cursos na área de Licenciaturas Interculturais em instituições de ensino superior. De acordo com a coordenadora, os recursos repassados pelo Prolind são equivalentes a 20 vagas, mas hoje o curso da UFSC tem 45 alunos.
Fonte: Notícias da UFSC