Nos últimos dias à frente do Centro, antes da aposentadoria, José Pilati faz um balanço da própria gestão para o levantamento da Apufsc-Sindical
Um dos únicos Centros da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) a ter somente um departamento, o Centro de Ciência Jurídicas (CCJ) lida com os mesmos desafios dos demais espaços da instituição. Apesar de parecer fácil administrar uma unidade pequena, o diretor José Isaac Pilati conta que é necessário muita criatividade para lidar com as dificuldades da realidade, fruto da precarização da educação, com o corte de verbas, e da pandemia. Nos últimos dias à frente do CCJ, antes da aposentadoria, Pilati faz um balanço da própria gestão para o levantamento da Apufsc-Sindical sobre condições de trabalho docente e funcionamento geral da UFSC.
O diretor lembra que durante sua administração houve a dificuldade de lidar com os dois anos de ensino à distância, por conta da pandemia. “Foi uma gestão dura, de resolver problemas inéditos, absurdos, acima das forças das pessoas”, avalia. No entanto, ele acrescenta que, com a diminuição de algumas de despesas no período, várias melhorias físicas puderam ser feitas no CCJ. “A gente pôde renovar praticamente todo o parque de computadores, mesas, cadeiras e outros utensílios.”
Além disso, visando a modernização do Centro, um projeto, que já foi licitado e agora será implementado possibilitará conectar o auditório com as salas de aula. “Isso para mim foi o momento mais importante da administração, quando a gente conseguiu impor, digamos, a voz e colocar no devido lugar a dimensão administrativa, a gestão, com um projeto permanente”. Pilati também ressalta que o quadro de professores do CCJ foi resposto com concursos e que, mesmo com certo déficit, há um equilíbrio no número de técnicos-administrativos (TAEs).
Mesmo com casos positivos, o diretor ressalta a demora para resolver algumas demandas. “Nós passamos a gestão toda pedindo a abertura de uma porta de emergência no setor de práticas jurídicas, que tem atendimento ao público, porque só tem uma porta que entra e é a mesma que sai e as janelas são de grade. E é inacreditável que a gente não tenha resolvido esse problema numa gestão inteira.”
Sobre os problemas de infraestrutura, Pilati lembra que eles são permanentes e de toda ordem, porque “os prédios, assim como as pessoas, envelhecem, e na UFSC”todos sofrem da mesma doença genética”. “Quando vaza no nosso teto, o vizinho pode esperar que vai vazar no dele também”.
Em relação à questão administrativa, o diretor do Direito acredita que as universidades deveriam ter uma lei orgânica própria. “Elas se ressentem da burocracia e dos defeitos dos outros órgãos, em termos da legislação. Então a gente tem muita dificuldade de ter acesso a recursos e implementar projetos.” Ele também pontua que é necessário que se faça valer mais a autonomia universitária, “em termos de criar normas internas próprias para fazer frente as nossas necessidades específicas”.
Apesar de adversários durante a eleição para a Reitoria da UFSC, o diretor do CCJ ressalta que o diálogo com a nova Administração Central é muito bom e que há uma relação estreita entre as partes. Pilati caracteriza como brilhante a iniciativa da gestão de criar uma política antirracismo, com a Resolução 175. “Eu acho que outras questões têm que ser por essa via. Não podemos, como universidade, ficar engessados com uma legislação dura, proibitiva, punitiva e que não dá espaço para o crescimento da ciência e educação”.
Para o professor, o maior instrumento de desenvolvimento econômico e social do país são as universidades públicas e, “lastimavelmente, se jogam pedra e perseguem a universidade”. Ele conclui dizendo que “no dia em que as universidades forem valorizadas como tal, nós teremos, com certeza, um Brasil diferente, mais próximo do que poderíamos chamar de desenvolvimento”.
::: O que diz a UFSC
Karol Bernardi
Imprensa Apufsc