Livro na Praça: Edição especial encerra o Abril Indígena da UFSC

Evento teve fala da coordenadora de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica da UFSC, Juliana Salles Machado, e do cacique do Ponto de Cultura Aldeia Indígena Goj Ty Sá, Sadraque Lopes

A edição do projeto Livro na Praça, da Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC), da última sexta-feira, dia 28, fez parte da programação especial de Abril Indígena da universidade. Em vez de um livro, essa edição teve uma seleção de livros da Coleção Abril Plural à venda. A convidada foi professora do Departamento de História e coordenadora de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica da UFSC, Juliana Salles Machado, que foi acompanhada do cacique do Ponto de Cultura Aldeia Indígena Goj Ty Sá, Sadraque Lopes, que falou sobre a luta pela Casa Indígena em Florianópolis.

Na abertura do evento, o diretor da EdUFSC, professor Waldir José Rampinelli, relembrou a edição anterior do Livro na Praça, sobre o holocausto, ao afirmar que “nenhum massacre do século XX foi maior que o do século XVI”. Rampinelli destacou a importância de falar sobre os povos indígenas, e que, apesar de ser tratado ao longo do Abril Indígena, “não é só abril, é o ano inteiro”.

Livro na Praça acontece na Igrejinha da UFSC (Fotos: Lais Godinho/Apufsc)

Após a apresentação musical de Josué Silva, músico manezinho que tocou três músicas relacionadas à ilha, a professora Juliana Salles Machado iniciou sua fala. Machado explicou o Abril Indígena e destacou que aquela edição do Livro na Praça estava acontecendo no mesmo dia do encerramento do 19º Acampamento indígena Terra Livre (ATL) em Brasília, que “hoje é o maior movimento indígena no mundo”. A professora comemorou que, “apesar de o ATL existir desde 2004, hoje é a primeira vez que ele existe após a criação do ministério dos povos indígenas”.

Para falar mais sobre a luta indígena, a professora convidou o cacique Sadraque Lopes, do Ponto de Cultura Aldeia Indígena Goj Ty Sá, também conhecido como Casa de Passagem Indígena de Florianópolis, que está provisoriamente no Terminal de Integração do Saco dos Limões (Tisac). Lopes contou que a luta pela Casa Indígena na capital começou há mais de 40 anos, pela sua avó, que à época dormia pelas ruas de Florianópolis com seus filhos quando vinha vender seus artesanatos. Lopes cresceu vendo a avó ir em audiências do Ministério Público (MPSC), pedindo que construíssem a “Casa do Índio” para ela deixar os filhos enquanto trabalhava.

Hoje, ainda não há uma “Casa do Índio” em Florianópolis, e Lopes já substituiu a avó na luta. XX afirma que essa luta faz em nome da avó, mas também de Vítor Pinto, um menino Kaingang de apenas 2 anos que foi assassinado na rodoviária de Imbituba. Para Lopes, se houvesse uma Casa Indígena, o crime talvez tivesse sido evitado. Lopes fala que questionava a avó por pedir a casa há tempos, mas hoje diz que quem não arreda mais o pé da luta é ele.

Abril Indígena

As atividades em comemoração o Abril Indígena na UFSC começaram no dia 31 de março, com uma mesa de abertura oficial com representantes dos povos indígenas e da universidade, e encerrou nesta sexta-feira, dia 27 de abril, com a edição especial do Livro na Praça. O evento faz alusão ao ATL, que ocupa Brasília todos os anos para reivindicar os direitos garantidos aos povos originários pela Constituição Federal de 1988.

Programação do Livro na Praça

Maio
12/5: Professora Zilma Guesser – Cruz e Sousa: a negritude na obra do poeta negro
26/5: Professores Raphael Grazziano e Lino Peres – A arquitetura e a cidade

Junho
16/6: Jornalistas Elaine Tavares e Miriam Santini de Abreu – Jornalismo independente e a crítica do cotidiano
23/6: Professor Waldomiro da Silva Códices – Os primeiros livros da história da América Latina, de Miguel León-Portilla
30/6: Professores Paulo Capela e Edgard Matiello – Esporte e lazer na cultura dos trabalhadores

Lais Godinho
Imprensa Apufsc