Apufsc-Sindical e Movimento Humaniza SC participaram de palestra de Lola Aronovich, evento promovido pela UFSC, IFSC e IFC
Instituições de ensino superior de Santa Catarina, com o apoio de entidades, como a Apufsc-Sindical e o Movimento Humaniza SC, promoveram nesta sexta-feira, dia 28, o Dia pela Paz e pelo Desarmamento nas Escolas. Pela manhã, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), o Instituto Federal Catarinense (IFC), ao lado de outras entidades, promoveram a palestra da professora Lola Aronovich, feminista, pedagoga e docente da Universidade Federal do Ceará (UFC). O evento ocorreu no Auditório do IFSC em Florianópolis, e foi transmitido pela TV UFSC e pelo canal do IFSC no YouTube.
O reitor do IFSC, Maurício Gariba Júnior, abriu o evento citando Paulo Freire e defendendo que “a paz é o caminho”. Irineu Manoel de Souza, reitor da UFSC, refletiu: “estamos passando por um momento difícil, com eventos que jamais poderiam ter ocorrido, como o da creche em Blumenau. Isso nos leva a uma união de educadores, gestores, técnicos, estudantes, para fortalecer nossas instituições para que tenhamos tranquilidade”. Para ele, “nós estamos vivendo a política do medo”. A solução, segundo Irineu, passa pelo aprimoramento da segurança e também do processo de formações na área da educação. “Precisamos de segurança. precisamos pensar sobre o processo educacional, de formações. Buscar formas de aprimorar a formação das pessoas que estão nessas atividades tão importantes. “Precisamos nos unir e buscar projetos coletivos”.
Carlos Alberto Marques, ex-presidente da Apufsc-Sindical e representante do Movimento Humaniza SC, participou do evento. “O tema que nos traz aqui nos gera perplexidade”, iniciou. Bebeto explicou que o Humaniza nasceu em resposta às manifestações fascistas e neonazistas no Estado, “como reivindicação de uma sociedade baseada na paz”. O movimento, agora instituto, congregou mais de 60 entidades e 800 signatários do manifesto.
Sobre os atos de violência em instituições de ensino, Bebeto afirmou: “A gente espera uma resposta das autoridades públicas, mas não é o que tem ocorrido. Em Santa Catarina, a cultura da violência é institucionalizada”. Ele lamentou a ausência da Udesc e do Sistema Acafe no evento – a associação que congrega faculdades privadas de SC inicialmente apoiou a iniciativa, mas retirou o apoio.
“São pessoas que não gostam de educação”
Lola Aronovich participou online do evento. Ela iniciou sua fala contando que morou em SC durante 15 anos, e fez mestrado e doutorado na UFSC. Sobre sua trajetória, explicou: “Muito sem querer eu acabei virando uma especialista em massacres em escolas e universidades. Isso porque eu sou muito perseguida por grupos masculinistas. São homens misóginos, racistas, LGBTfóbicos, capacitistas, etaristas. Com todos os tipos de preconceito. Eu não sou perseguida por ser a Lola, eles nem me conhecem. Eu sou perseguida por ser feminista. E também por não ter medo deles”.
Vítima de ataques, Lola começou a monitorar grupos neonazistas, “até para não ser pega de surpresa”. “O fórum que eu mais seguia tinha um lema: o mundo te odeia. Devolva esse ódio”, contou. Desde 2016, ela faz parte do programa de proteção aos defensores de direitos humanos.
“A coisa que eu mais aprendi é que a misoginia é a porta de entrada para drogas mais pesadas na internet. A ligação desses grupos masculinistas com o neonazismo é inequívoca”, afirmou. “Eles passam a vida pensando em maneiras de machucar esses grupos historicamente oprimidos”, completou. Lola conta ainda que “são pessoas que não gostam de educação, ou a associam à uma educação militarizada”.
A especialista afirma que as eleições de Donald Trump, nos Estados Unidos, e Jair Bolsonaro, no Brasil, deram força a esses grupos de ódio, que deixaram de atuar “às escondidas” e se sentiram autorizados para cometer crimes. “Com a conivência das redes sociais”, alertou. No Brasil, segundo ela, esses grupos se aproximaram de Bolsonaro não apenas pela idelogia, mas também pela promessa de facilitação do acesso a armas de fogo. “Eles têm esse fetiche”.
Uma das soluções para combater esses crimes, para Lola, passa pela atuação rígida das plataformas digitais. Ela afirma que essas empresas são muito eficientes, por exemplo, em combater a pornografia infantil. Portanto, teriam ferramentas para combater os discursos de ódio – apesar das afirmações contrárias.
Lola também cobra ações efetivas dos governos. “Muito mais importante do que ter policiais armados em escola, que o caso dos Estados Unidos mostra que não funciona, é você ter monitoramento”.
Assista ao evento na íntegra:
Stefani Ceolla
Imprensa Apufsc