Caso ocorreu na noite de terça-feira no CCE. Universidade emitiu nota em que afirma que a “manutenção de todos os ambientes da UFSC é uma tarefa desafiadora”
Um incidente na noite de terça-feira, dia 25, em uma sala de aula do Centro de Comunicação e Expressão (CCE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) chama atenção para os problemas relacionados à falta de manutenção. Uma luminária se desprendeu do teto e atingiu uma estudante. Ela tebe ferimentos leves e foi encaminhada ao Hospital Universitário (HU).
Segundo o diretor do CCE, professor Fábio Lopes, o fato ocorreu durante uma aula extracurricular de inglês. A vítima foi uma estudante do curso de Biologia. “Por sorte, o objeto caiu não sobre a sua cabeça mas sobre seu colo, atingindo-a na bacia”, relatou o diretor. Em mensagem enviada à comunidade do CCE e à Apufsc-Sindical, ele afirma: “tenho reiteradamente destacado os riscos associados à falta crônica de manutenção nas dependências da UFSC. Alertei as autoridades competentes várias vezes para o fato de que a chance de um acidente de proporções fatais ou muito severas é crescente e permanente”.
Nesta quinta-feira, dia 27, a universidade emitiu uma nota sobre o caso. Confira na íntegra:
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) manifesta solidariedade à estudante envolvida no incidente em uma das salas do Centro de Comunicação e Expressão (CCE) e lamenta profundamente que ela tenha se machucado. A coordenação do curso de Ciências Biológicas informa que em caso de necessidade a estudante poderá solicitar tratamento especial em regime domiciliar para a continuidade de suas atividades acadêmicas. A Pró-Reitoria de Permanência e Assuntos Estudantis (Prae) orienta atendimento à Psicologia Educacional, caso a estudante tenha sido afetada na organização de suas atividades na graduação.
De acordo com informações apuradas, a queda de um suporte de luminárias fluorescentes ocorreu por volta das 20h30 de terça-feira, dia 25 de abril, em uma das salas do segundo andar do Bloco A do CCE. O fato foi comunicado pelo vigilante do local à Secretaria de Segurança Institucional (SSI) da UFSC, que prontamente enviou uma viatura para conduzir a estudante ao Hospital Universitário (HU-UFSC), onde recebeu atendimento. A direção da Unidade de Ensino foi comunicada, acompanhou a situação e prestou o primeiro acolhimento.
Assim que foi informado do ocorrido, o reitor Irineu Manoel de Souza, que voltava de uma viagem ao campus de Curitibanos, determinou que a Prefeitura Universitária verificasse a situação. Na manhã de quarta-feira, 26 de abril, a equipe da PU realizou uma vistoria in loco na sala da ocorrência, com a Coordenadora Administrativa da Unidade de Ensino. Após a interdição da sala foram adotadas as seguintes medidas:
1 – atendimento em caráter corretivo da luminária da sala;
2 – vistoria de caráter preventivo a todas as salas e corredor do 2º pavimento do edifício, para certificação da condição das demais luminárias. As causas do incidente estão sendo apuradas pelo Departamento de Manutenção Predial e de Infraestrutura (DMPI).
A manutenção de todos os ambientes da UFSC é uma tarefa desafiadora e deve ser analisada sob o prisma da redução sistemática de recursos para as Universidades ao longo dos últimos anos, especialmente no período de governo federal findado em 2022. Apenas no campus da UFSC em Florianópolis são cerca de 400 edifícios, cujo tamanho varia de uma pequena subestação de energia até um Centro de Cultura e Eventos. São mais de 430.000 metros quadrados de área construída no campus e a demanda de manutenção predial chega à ordem de 13.500 pedidos em um ano.
O orçamento das universidades públicas em geral tem sofrido grandes reduções nos últimos anos e as instituições passaram a enfrentar cortes e contingenciamentos de recursos. Segundo levantamento da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), o valor das verbas discricionárias nos orçamentos das universidades caiu 55% entre os anos de 2015 e 2022. No caso da UFSC, a dotação orçamentária para custeio com recursos do Tesouro, que já foi de R$ 150,10 milhões em 2016, ficou em R$ 115,8 milhões no orçamento atual. A recomposição orçamentária das universidades, demanda prioritária da Andifes, só foi confirmada há menos de duas semanas.
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