Denúncia de ex-alunas contra o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos trouxe o tema à tona mais uma vez, destaca matéria do Sul 21
O debate sobre assédio moral e sexual nas universidades foi a tônica da semana nas redes sociais, após vir a público o caso envolvendo o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos. Não são poucos os relatos de situações de perseguição, humilhação, coerção e abuso registrados no ambiente acadêmico ou a partir de relações que se estabeleceram nas instituições de ensino superior. Apesar de ser um problema latente e reconhecido socialmente, a prevenção e o enfrentamento à questão pelas universidades ainda é recente e caminha a passos lentos.
Na última terça-feira, dia 11, ganhou o noticiário internacional um artigo publicado no livro “Má conduta sexual na academia — para uma ética de cuidado na universidade” (em livre tradução do inglês), em que três ex-alunas do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra relatam casos de assédio envolvendo Boaventura, nome mais conhecido da universidade no mundo, e Bruno Sena Martins, professor diretamente ligado ao sociólogo. Ambos não são identificados no artigo — onde são feitas referências apenas ao “Professor Estrela” e ao “Aprendiz” –, mas já concederam entrevistas confirmando se tratarem das pessoas mencionadas e negando as acusações.
Boaventura disse estar sendo vítima de “cancelamento” e prometeu uma queixa-crime contra as autoras. No entanto, outros casos vieram à tona após o artigo. Uma ativista mapuche da Argentina relatou ter sido vítima de assédio no ano passado. Já nesta sexta, a Agência Pública revelou que a deputada estadual mineira Bella Gonçalves é a pessoa não identificada no artigo das três outras estudantes, que abandonou a pesquisa em Portugal e retornou ao país após ser assediada pelo professor. Na sexta, Boaventura anunciou o afastamento das atividades no CES enquanto as denúncias são apuradas.
Uma pesquisa desenvolvida em 2020 pela doutora em Administração Bianca Spode Beltrame com 44 instituições federais de ensino superior brasileiras demonstrou que 70% das instituições não possuem qualquer medida de combate ao assédio. E, a maioria, também não desenvolve programas de prevenção aos casos.
Leia na íntegra: Sul 21