Entidade pretende expandir para todas as regiões de Santa Catarina. Evento realizado nesta segunda-feira, dia 27, marca o início das atividades no norte do estado
Além da região da Grande Florianópolis, o Movimento Humaniza SC agora também está presente no norte do estado. O primeiro evento na região, realizado nesta segunda-feira, dia 27, na sede do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Joinville e Região (Sinsej), teve como tema a resistência contra crimes políticos na região. Participaram do encontro partidos políticos e entidades, entre elas, a Apufsc-Sindical, representada pelo professor Rafael Gallina Delatorre, membro de Joinville no grupo especial para atividades sindicais nos campi.
A mesa foi composta, entre outras pessoas, pela ex-senadora Ideli Salvatti, pela presidente do Sinsej, Jane Becker, e pela vereadora de Joinville Ana Lucia Martins, primeira mulher negra eleita vereadora na cidade. Durante o evento, foram convidadas pessoas para que relatassem situações de intolerância sofridas na região.
Entre os relatos, esteve o da professora que sofreu perseguição política por publicar nas redes sociais sua opinião sobre as motociatas em apoio ao então candidato à presidência Jair Bolsoraro (PL), realizadas durante a campanha eleitoral. Como repressão, a professora foi desligada da universidade particular onde trabalhava. A presidente do Sinsej, Jane Becker, também contou sobre a ameaça de morte que sofreu ao denunciar um caso de trabalho análogo à escravidão em obra gerida por uma terceirizada da Prefeitura de Joinville.
O evento marcou o início da expansão do Movimento Humaniza SC pelo estado, que pretende ter núcleos regionais. A proposta é que esses núcleos tenham autonomia para realizar encontros, sem depender da organização na Grande Florianópolis. Na última quarta-feira, dia 29, a reunião foi em Criciúma. Nesta sexta-feira, dia 31, está agendado evento em Itajaí.
“Aqui no norte do estado a gente observa muita gente que propaga informações associadas ao nazismo, temos também uma alta incidência de células neonazistas que a gente observa pelas notícias. O Movimento Humaniza tem a intenção de quebrar esse tipo de argumento, traz essa discussão sobre o que é aceitável e o que não é”, defende o professor Rafael Gallina Delatorre sobre a importância da iniciativa no norte do estado. Rafael acredita que o Humaniza SC pode ajudar a educar a população, que muitas vezes reforça práticas intolerantes sem entender a dimensão da situação.
No campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em Joinville, o professor conta que, assim como aconteceu em Florianópolis, houve pichação de cunho neonazista em banheiro. Além disso, um dos integrantes do grupo neonazista preso em outubro no estado era estudante de Engenharia Automotiva no campus. Dos seis acusados, quatro eram alunos da UFSC. Diante dos acontecimentos, a universidade antecipou a discussão de sua Política de Enfrentamento ao Racismo, que foi aprovada pelo Conselho Universitário (CUn) em novembro.
Lais Godinho
Imprensa Apufsc