Com prédios antigos e dificuldades até mesmo em manutenções pequenas, acompanhar o ritmo das normas sanitárias é quase impossível
Para que um docente possa ensinar, é necessário ter uma estrutura adequada de trabalho. Quando se trata do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), as salas de aula frequentemente são trocadas pelos espaços de prática, como as clínicas e a farmácia-escola. Se as manutenções dos prédios de salas de aula já são difíceis, conforme apontou o dossiê sobre as condições de trabalho docente e funcionamento geral da universidade, realizado pela Apufsc-Sindical e entregue à Reitoria em julho do ano passado, as adequações sanitárias dos espaços de prática são ainda mais complicadas.
Para companhar a situação das condições de trabalho, a Apufsc-Sindical consultou diretores e diretoras do centro de ensino para entender quais são as principais demandas atuais. Nesta nova consulta realizada pelo sindicato, o principal problema apresentado segue sendo a manutenção dos prédios. No CCS não foi diferente. “No geral, eu diria que a nossa principal dificuldade não é com grandes contratos ou grandes serviços, mas para a manutenção pequena do dia a dia”, destaca o diretor do centro, o professor Fabricio de Souza Neves. A falta de impermeabilização nas coberturas do centro causa infiltrações e, em dias de chuva, até mesmo a interrupção das aulas.
Para Neves, um dos principais obstáculos é a segmentação dos serviços, tanto por parte das empresas terceirizadas, quanto da administração da UFSC. “O exemplo que eu dou é do chuveiro elétrico. Se for instalar um chuveiro elétrico, vai chamar a empresa que vai fazer a parte elétrica, de preparar os fios elétricos para a ligação, e vai chamar a empresa de hidráulica para os canos do chuveiro. São duas empresas diferentes para fazer esse serviço, e provavelmente vai ter dois engenheiros diferentes responsáveis por esses contratos diferentes. Às vezes serviços simples exigem atuação de quatro equipes diferentes.”
Nas manutenções, também há dificuldade com equipamentos de ar-condicionado e audiovisual. Desde o retorno às aulas presenciais na UFSC, em março de 2022, docentes reclamam da falta de manutenção nos aparelhos de ar-condicionado. Já os projetores audiovisuais, o diretor destaca que não há nenhum serviço de manutenção e que quando há problemas, são os próprios docentes que resolvem. A questão atinge os auditórios do centro, “mas o problema de todo o dia é na sala de aula”.
Se já há demora em realizar pequenas manutenções, adequar os prédios das clínicas e farmácia-escola às normas sanitárias atuais é ainda mais complexo. “Nós temos prédios antigos e muita morosidade, então nós não acompanhamos o ritmo das normas sanitárias”, conta o diretor. “Acho que é um problema de difícil solução. Talvez seja preciso pensar em alternativas que envolvam atividade fora do campus.”
Questionado sobre o diálogo com a atual gestão da Reitoria, Neves aponta que não há problemas com o gabinete, mas com a burocracia. “Do ponto de vista prático, a impressão que eu tenho é que nada mudou em relação à gestão anterior. Do ponto de vista da manutenção, os processos continuam os mesmos […] Eu entendo que é complexo para uma prefeitura universitária cuidar do campus inteiro. Talvez tivesse que ser diferente, ter prefeitura para cada setor do campus”, sugere.
Outro lado
A equipe de Comunicação da Apufsc também ouviu a Administração Central da universidade sobre os problemas identificados. As respostas, enviadas nesta quarta-feira, dia 18, pela Coordenação de Imprensa do Gabinete da Reitoria. Leia a resposta da UFSC na íntegra.
Lais Godinho
Imprensa Apufsc