Miriam Furtado Hartung pondera que levará tempo para desfazer o desmonte no ensino superior
No comando do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) desde 2021, Miriam Furtado Hartung acredita que as dificuldades que permanecem na UFSC têm raízes no desmonte promovido pelo governo Jair Bolsonaro (PL). Em sinalização à atuação da nova gestão da universidade, ela argumenta que “ninguém consegue solucionar esse tipo de coisa histórica em meses”. Em 2022, quando a administração central tomou posse, a Apufsc-Sindical entregou um dossiê sobre as condições de trabalho docente e funcionamento geral da universidade. Agora, a entidade retoma o contato com os diretores de centro para entender a situação atual.
No dossiê de 2022, os departamentos do CFH destacavam a falta de manutenção de bebedouros, computadores, ar-condicionado, sucateamento e precariedade nas estruturas físicas em geral. Hartung conta que boa parte dos problemas continuam os mesmos, porque a origem deles é complexa e envolve normas contratuais, por exemplo. “A UFSC é uma cidade de médio porte, então não tem como pedir uma coisa agora e ser atendida agora, existe uma fila de trabalho, tem pessoas que estão sobrecarregadas com seus trabalhos e isso pode, eventualmente, atrasar uma coisa ou outra.” A diretora pontua que há uma sobrecarga de trabalho dos docentes e técnicos-administrativos.
Hartung pondera: “Nós estamos saindo de uma pandemia, de um governo que tinha o propósito de acabar com a gente, então temos que entender que leva tempo.” E completa: “a gente falava que era um retrocesso de 30 anos, então eles não se desfazem em seis, sete meses”.
Professora do departamento de Antropologia, Hartung espera que nos próximos anos as universidades consigam se reerguer, mas sabe que “isso não se faz em um passe de mágicas” e entende que por mais bem intencionada que qualquer administração seja, leva tempo para lidar com as consequência de uma “não-política educacional”.
Sobre a gestão atual da UFSC, ela lembra que foi eleita uma chapa com o compromisso de ser participativa, democrática, de dialogar e pensar nas melhores soluções para a comunidade. Então, embora seja importante cobrar melhorias, ela defende que a universidade não pode se resumir aos problemas. “Tudo isso tem que ser maior do que o problema do ar-condicionado que não funciona. A democracia, o espírito democrático, o respeito a isso é maior que um problema pontual de contrato, uma dificuldade sobre o funcionamento prático diário”.
Outro lado
A equipe de Comunicação da Apufsc também ouviu a Administração Central da universidade sobre os problemas identificados. As respostas, enviadas nesta quarta-feira, dia 18, pela Coordenação de Imprensa do Gabinete da Reitoria. Leia a resposta da UFSC na íntegra.
Karol Bernardi
Imprensa Apufsc