A pesquisa foi realizada em regiões de queimadas e concluiu que as queimadas podem inibir formação de chuvas em períodos muito secos
Você com certeza nem notou, mas há cerca de um mês e meio, na madrugada de 27 de janeiro, raios lasers verdes vindos do espaço atingiram Florianópolis, varrendo a ilha de norte a sul. Os feixes de luz – finos demais para serem observados a olho nu por humanos desavisados – vêm de um satélite da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, e são capazes de medir com bastante precisão a altura de árvores, morros e icebergs, a espessura de camadas de gelo e a profundidade de mares e lagoas. Já descobriram até um lago secreto sob o manto de gelo da Antártida.
Também vêm sendo usados de modos inovadores por cientistas catarinenses. Os professores Renato Ramos da Silva, Reinaldo Haas, ambos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e Yoshiaki Sakagami, do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), aplicaram os dados obtidos com os lasers para avaliar a altura de fumaça e nuvens em regiões de queimadas. Combinando informações de outros satélites e de balões meteorológicos, os pesquisadores observaram um aumento da temperatura da atmosfera na mesma altura da fumaça, um indicativo de que as queimadas podem gerar uma camada que inibe a formação de chuvas em períodos muito secos. Os resultados foram publicados na revista científica Holos Environment e chamaram a atenção da Nasa, que convidou o grupo a apresentar o trabalho em um evento científico internacional, realizado em novembro de 2022 e disponibilizado no Youtube.
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