Contratação de mais profissionais, compra de materiais de escritório, construção de novos espaços e mobilização pelo reajuste do funcionalismo público estão entre as reivindicações dos professores
Com mais de 30 cursos de graduação e pós-graduação, os quatro campi do interior da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Araranguá, Blumenau, Curitibanos e Joinville – reúnem um importante quadro docente. Com o início de um novo semestre letivo, a Apufsc-Sindical conversou com os representantes do sindicato nas sedes do interior para entender as principais demandas dos professores para 2023.
Os docentes apontam para a necessidade de mais investimentos na UFSC, incentivo à pesquisa, aquisição de espaços físicos e materiais de uso diário. Além disso, há relatos de sobrecarga de trabalho em função do déficit no número de professores.
A pauta do reajuste do salário do funcionalismo público, em especial para os servidores públicos das universidades e institutos federais, também foi levantada como prioridade para 2023. Com defasagem salarial acumulada de 41,14%, a perda do poder aquisitivo e o aumento do custo de vida preocupam a categoria, principalmente os docentes em início de carreira. Confira as demandas por campus.
Blumenau
Último campus da UFSC a ser inaugurado, em 2014, Blumenau carece de espaço físico, segundo Graziela Richetti. Ela pontua que faltam locais para salas de aula, salas de professores, laboratórios de ensino e pesquisa.
Além da falta de área física, Richetti destaca que atualmente o campus não tem o quantitativo de professores previsto no projeto de criação. Com isso, apesar de haver demanda para a instalação de mais cursos de pós-graduação, esses dois problemas limitam a ampliação da universidade.
O campus de Blumenau oferece as graduações de Engenharia Têxtil, Engenharia de Controle e Automação, Engenharia de Materiais, Licenciatura em Matemática, Licenciatura e Bacharelado em Química. Além de mestrado em Ensino de Física, Matemática, Engenharia Têxtil e Nanociência, Processos e Materiais Avançados.
Curitibanos
Em Curitibanos, uma das demandas mais enfáticas elencadas pelos docentes diz respeito à ampliação do Hospital Veterinário da UFSC. Atualmente o complexo, que funciona em uma área concedida pelo estado, dispõe apenas de clínica e centro cirúrgico para pequenos animais. Os docentes pedem que o projeto do setor de selvagens, clínica, centro cirúrgico e de diagnóstico de grandes animais seja finalizado.
O campus oferece as graduações de Agronomia, Engenharia Florestal e Medicina Veterinária. Além dos programas de pós-graduação em Ecossistemas Agrícolas e Naturais e Medicina Veterinária Convencional e Integrativa. Além disso, a universidade conta com duas fazendas experimentais para ensino, pesquisa e extensão.
No entanto, a comunidade acadêmica aponta para a dificuldade de acesso à fazenda experimental agropecuária, localizada a cerca de 4km de distância do campus, apenas por estrada de chão. Como o transporte público não chega até o local, o responsável administrativo Giuliano Moraes Figueiró destaca que é indispensável o asfaltamento da via e a aquisição de micro-ônibus e vans para a locomoção durante as aulas práticas.
Devido ao caráter dos cursos oferecidos no campus, os docentes também evidenciam a necessidade de implementação do setor de criação dos principais animais de produção na fazenda escola, uma vez que a UFSC não possui nenhum animal para as aulas práticas e depende da disponibilidade de tutores e proprietários da região.
Figueiró ressalta que as demandas gerais dos docentes são por melhores condições de trabalho e ampliação do quadro de servidores. Segundo ele, muitos professores têm enfrentado uma carga horária excessiva, pelo acúmulo de disciplinas lecionadas, conciliadas a tarefas administrativas.
Por fim, Figueiró lembra que o prédio CBS02, quase finalizado, ainda não foi entregue por conta de litígio com a empresa e pede apoio e dedicação da UFSC para a liberação do espaço.
Joinville
A prioridade mais relatada pelos docentes do campus Joinville para este ano é a questão do reajuste do funcionalismo público, segundo o representante administrativo da sede, Rafael Gallina Delatorre. Com um quadro docente composto por professores exclusivamente em início de carreira, Delatorre conta que a perda de poder aquisitivo, em contraponto ao aumento do custo de vida, é pauta diária no campus.
Os docentes têm a expectativa de que com a instalação da Mesa Nacional de Negociação Permanente, não só o reajuste seja debatido, mas também a reestruturação do plano de cargos e carreiras. De acordo com o representante, alguns fatores, relacionados ao plano, dificultam a realização das atividades de pesquisa e extensão dos professores de forma adequada.
Entre eles, Delatorre destaca as dificuldades de: conseguir recursos financeiros; participar e se manter em programas de pós-graduação; compartilhar as atividades de pesquisa e extensão com as atividades de ensino (pela alta carga horária) e administrativas da universidade; falta de infraestrutura de apoio, como equipamentos; conseguir alunos nos projetos, em decorrência de falta de incentivos financeiros ou defasagem dos mesmos.
Todos esses fatores fazem com que muitos professores, em sua maioria vindos de um doutorado recente, desanimem das atividades. Devido a perda de ritmo e da manutenção de suas linhas de pesquisa.
O campus da UFSC de Joinville oferece as graduações nas Engenharias: Aeroespacial, Naval, de Transportes e Logística, Ferroviária e Metroviária, Mecatrônica, de Infraestrutura, Automotiva; e bacharelado em Ciência e Tecnologia. Na pós-graduação, dispõe de cursos de especialização e mestrado em Engenharia e Ciências Mecânicas e Engenharia de Sistemas Eletrônicos.
::: Acesse o dossiê sobre as condições de trabalho docente e funcionamento geral da UFSC
CORREÇÃO: Na matéria original publicada pela Apufsc-Sindical, o texto apresentava como demanda a criação de um “setor de compras funcional” para o campus Curitibanos. A pedido do diretor administrativo da unidade, Paulo Roberto Kammer, a informação foi alterada, uma vez que a instituição já possui este setor.
Imprensa Apufsc