Professores da UFSC Curitibanos fazem projeto para restaurar florestas catarinenses

Ação prevê recuperação de 302 hectares de Mata Atlântica

Um grupo de professores do Centro de Ciências Rurais, do campus Curitibanos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), trabalha em um projeto que prevê a restauração de 302 hectares de Mata Atlântica em florestas do Meio-Oeste e do Planalto Serrano catarinense. Com financiamento do Fundo Social do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e gestão financeira da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu), as ações começaram em 2021 e têm prazo de execução de quatro anos.

O projeto Restauração Ecológica da Floresta Ombrófila Mista (Reforma) prevê a recuperação de dois diferentes perfis de área: 92 hectares da Unidade de Conservação Parque Estadual do Rio Canoas (Paerc), na cidade de Campos Novos, e 210 hectares do assentamento de reforma agrária Índio Galdino, nos municípios de Curitibanos e Frei Rogério. A área total de 302 hectares beneficiados pelo projeto equivale a cerca de 420 campos de futebol. “A ação de restauração do Reforma engloba três momentos que visam garantir a efetividade das técnicas de restauração implantadas: o diagnóstico preliminar e participativo; a implantação de técnicas de restauração e, por fim, o monitoramento”, explica o professor Alexandre Siminski, coordenador do projeto.

“O Projeto Reforma iniciou as atividades em 2021 com a etapa do Diagnóstico – Preliminar e Participativo. Essa etapa envolveu reuniões com as instituições parceiras do projeto, autorizações de pesquisa e trabalhos de campo nas duas áreas de atuação. Uma das primeiras ações foi a análise das imagens de satélite e a elaboração dos mapas que permitirão os trabalhos de campo”, relata o professor Siminski. Também já foram realizadas reuniões no assentamento para esclarecer as ações do projeto e definir as prioridades de atividade, que ocorrerão ao longo de 2022, quando também serão realizados os experimentos relacionados às atividades de pesquisa.

Com aproximadamente 1,2 mil hectares de área total, o Parque Estadual do Rio Canoas é uma unidade de conservação inserida na Mata Atlântica, em uma região de transição ambiental entre as formações de Floresta Ombrófila Mista (Mata de Araucária) e Floresta Estacional Decidual. O projeto atuará na Zona de Recuperação, uma área de 92 hectares onde existe um histórico de invasão biológica do Pinus spp.

Já o Assentamento Índio Galdino, no Meio-Oeste, abriga 51 famílias, e sua área total de 837 hectares está situada em dois municípios, Curitibanos e Frei Rogério, sendo separada pelo Rio das Marombas. Além da restauração das áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente (APP), o projeto prevê a construção de um viveiro, em área coletiva, com capacidade de 50 mil mudas por ano. Uma parte das espécies necessárias deverá ser produzida no próprio assentamento para atender a demandas específicas do projeto e para capacitar os agricultores no processo de coleta, beneficiamento de sementes e produção de mudas.

Centro

O projeto também prevê a instalação do Centro Reforma no campus Campus Curitibanos da UFSC – uma unidade dedicada ao diagnóstico, monitoramento, capacitação e pesquisa em restauração ecológica do bioma Mata Atlântica. “Além do desenvolvimento e da validação das atividades previstas no projeto Reforma, o Centro será de suma importância para o desenvolvimento da extensão e de pesquisas na área de restauração ecológica”, destaca o professor.

O desenvolvimento do projeto envolve 13 professores do Centro de Ciências Rurais do Campus Curitibanos que apresentam ações diretas nas etapas de diagnóstico, implantação das técnicas de restauração e monitoramento. “Este olhar multidisciplinar sobre as ações de restauração é fundamental para a efetividade de um programa de restauração ecológica na região”, observa o professor. Estudantes bolsistas dos cursos de graduação em Engenharia Florestal e Agronomia, assim como estudantes de mestrado em Ecossistemas Agrícolas e Naturais, também colaboram com a equipe. “Os estudantes de mestrado e de graduação terão suas atividades de pesquisa (dissertação, iniciação científica, trabalho de conclusão de curso) inseridas nas atividades programadas pelo projeto Reforma”, relata o coordenador.

O projeto ainda conta com as parcerias do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), da Oscip Grimpeiro (Grupo de Apoio à Gestão do Parque Estadual das Araucárias), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Fonte: Notícias da UFSC